Funções do córtex cerebral e diagnóstico cerebral regional

De WikiPETia Medica

Escrito por Paulo Marcelo Pontes Gomes de Matos


O córtex cerebral é a fina camada de substância cinzenta que recobre o cérebro. Ele é uma das regiões mais importantes do Sistema Nervoso Central (SNC). Ele recebe impulsos de todas as vias da sensibilidade, sendo o responsável pela interpretação e resposta de todas essas informações. Dele são transmitidos impulsos que iniciam e controlam os movimentos voluntários. Além disso, o córtex cerebral também está relacionado com os fenômenos psíquicos. Por muito tempo não se aceitou que certas áreas do cérebro estão relacionadas a funções específicas. Atualmente, no entanto, sabe-se que existem regiões no córtex cerebral que são mais especializadas na realização de algumas funções. Além de se localizar em uma região específica, uma função pode também se lateralizar para um hemisfério cerebral, havendo uma dominância de um hemisfério sobre o outro. Isto é bem visível nos casos da linguagem, da gnose (interpretação de estímulos sensoriais) e a práxis (realização de atos motores complexos). Anatomicamente, o cérebro é dividido em lobos, sendo eles: frontal, temporal, parietal, occipital e a ínsula. Porém, essa divisão não representa uma segregação funcional do cérebro.

Tabela de conteúdo

LOBOS FRONTAIS

As regiões clinicamente importantes dos lobos frontais incluem a faixa motora, as áreas pré-motora e motora suplementar, os campos oculares frontais, as áreas motoras da fala (área de Broca) e a área pré-frontal (parte anterior não-motora do lobo frontal). Lesões nos lobos frontais podem se manifestar através de sintomas relacionados à motricidade como paresias em geral, afasia de Broca e movimentos involuntários dos olhos. Pode haver também manifestações não-motoras, estas estando relacionadas a danos no córtex pré-frontal. O paciente apresentaria um quadro de perda da capacidade de planejar, executar e monitorar ações que visem um objetivo; síndromes de desinibição (descuidos no cuidado pessoal, comportamentos sociais inadequados, promiscuidade sexual); labilidade emocional e demência.


LOBOS PARIETAIS

As funções dos lobos parietais são basicamente aquela de recepção, interpretação e integração dos impulsos sensoriais primários recebidos do tálamo. O centro disso tudo é a área somestésica primária, localizada no giro pós-central. Lesões nos lobos parietais produzem anormalidades sensoriais superiores (estereognosia, grafestesia, localização tátil e discriminação de dois pontos). Um fato interessante é que paciente com lesões no lobo parietal não-dominante podem desenvolver a síndrome de anosognosia, na qual o enfermo nega possuir seus membros contralaterais à lesão.


LOBOS TEMPORAIS

Os lobos temporais estão relacionados com a audição e em parte com a visão. Lesões na área auditiva (giro temporal superior) podem originar manifestações que variam desde zumbidos até alucinações auditivas. Como essa região também recebe fibras vestibulares, o paciente também pode apresentar vertigens e sensação de instabilidade. Lesões envolvendo a parte visual (vias geniculocalcarinas do lobo temporal) podem ocasionar defeitos do campo visual superior contralateral. Os pacientes podem manifestar agnosia visual, alucinações e distorções visuais. Às vezes as alucinações apresentam um componente auditivo e/ou olfativo (lesão em lobo temporal medial em topografia de giro uncinado).


LOBOS OCCIPITAIS

Diferentemente dos outros, os lobos occipitais parecem possuir todas as suas funções relacionadas, direta ou indiretamente, à visão. Dessa forma, danos nessas áreas acarretam graus variados de perda visual, os quais podem vir ou não acompanhados de outros déficits. Por exemplo, o paciente pode apresentar quadro de hemianopsia bilateral com ou sem agnosia de cores (perda na capacidade de distinção entre diferentes cores).


DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico dos danos ao tecido cerebral é feito atualmente através de uma forte aliança entre o exame clínico e a análise de imagens. Juntas, essas duas ferramentas possibilitam que o neurologista chegue ao diagnóstico correto em diversas ocasiões. Infelizmente, poucos são os tratamentos realmente eficazes no sentido de curar essas lesões.


FONTE: O Exame Neurológico, DeJong; Neuroanatomia Funcional, Machado, Angelo B.M

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