Texto de Sarah Leal
DONOVANOSE
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O granuloma inguinal, ou donovanose, é uma doença ulcerativa de evolução lenta, atingindo principalmente a pele e os tecidos subcutâneos das regiões genital, inguinal e anal.
É causada pela Klebsiella granulomatis, que é, aparentemente, um parasita intracelular facultativo.
A transmissão da K. granulomatis se dá, principalmente, por via sexual, embora haja também evidências de transmissão não-sexual. De maneira geral, são necessários múltiplos contatos sexuais com parceiro infectado para que haja transmissão da doença. É uma condição rara nos Estados Unidos, com menos de 100 casos registrados por ano. No Brasil, é uma doença de notificação obrigatória.
A lesão inicial costuma aparecer como um nódulo subcutâneo que se rompe na superfície e evolui formando uma lesão granulomatosa elevada e carnuda. Essa lesão geralmente é indolor e não se associa a sintomas sistêmicos. Infecções bacterianas secundárias podem levar à ulceração necrótica e dolorosa da lesão. Uma forma cicatricial também pode ocorrer, com desenvolvimento de área hipocrômica elevada, tipo quelóide, com ilhas dispersas de tecido granulomatoso. As lesões em região inguinal podem estar associadas a pseudoadenites, em decorrência do envolvimento granulomatoso do tecido subcutâneo. Os linfonodos inguinais não são acometidos. Ocasionalmente, a infecção metastática de ossos ou vísceras é observada.
O diagnóstico é feito através da demonstração dos “corpos de Donovan” nos histiócitos ou em outras células mononucleares retiradas de esfregaços ou biópsias da lesão. O uso de corantes específicos pode revelar os bacilos com relativa facilidade.
O diagnóstico diferencial é feito com tumores, linfogranuloma venéreo, cancro mole, sífilis e outras doenças ulcerativas granulomatosas. O cancro mole pode ser diferenciado por suas bordas irregulares e corroídas, não encontradas na donovanose. Em alguns casos, a biópsia pode ser necessária para afastar a hipótese de tumor.
No Brasil, sendo realizada a abordagem sindrômica da doença, deve ser feito o tratamento para donovanose se a lesão tiver mais de 4 semanas, após realização de biópsia e tratamento empírico para sífilis e cancro mole. O tratamento específico pode ser realizado com doxiciclina, eritromicina, sulfametoxazol-trimetoprim, tetraciclina ou azitromicina, durante 3 semanas ou até a cura clínica. Os pacientes devem ser acompanhados durante algumas semanas devido ao risco de recidiva. Os contatos sexuais, embora a transmissibilidade não seja alta, devem ser examinados, mas o tratamento não é realizado a menos que haja doença clinicamente evidente.
Referência bibliográfica:
- Cecil Medicine, 23ª Ed., tradução autorizada do inglês da edição publicada por Saunders – um selo Elsevier.