Tumefação abdominal e Ascite

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Edição feita às 01h19min de 28 de Junho de 2012 por Clara (Discussão | contribs)

Texto de Clara Mota Randal Pompeu

Tumefação abdominal


Doenças sistêmicas, ou mesmo uma patologia abdominal insuspeita, podem se manisfestar com aumento do volume abdominal. Distúrbios gastrintestinais funcionais levam a um aumento do volume abdominal subjetivo, em que há a sensação de plenitude gástrica. Também deve-se atentar ao aumento do volume abdominal por deposição de panículo adiposo, como na obesidade.

Durante a inspeção, deve-se diferenciar entre uma distensão localizada ou generalizada. À ausculta, podemos evidenciar borborigmo rápido e agudo da obstrução intestinal precoce ou um som de sucussão devido ao aumento de líquido e gás em víscera oca dilatada. À palpação, deve-se tentar identificar se a massa é sólida ou cística, lisa ou irregular e se é móvel.


Ascite



O acúmulo de líquido na cavidade abdominal é denominado ascite, esta pode ser simulada por várias condições, como cistos ovarianos, hidronefrose e cistos renais.

As causas mais frequentes de ascite são:

1. Hepáticas: cirrose e fibrose esquistossomótica

2. Cardiocirculatórias: insuficiência cardíaca e trombose venosa

3. Renais: síndrome nefrótica

4. Inflamatórias: TB

5. Neoplásicas: tumores do fígado, do ovário, do estômago e carcinomatose.


A fisiopatologia da ascite varia de acordo com a condição subjacente. No caso da ascite da insuficiência cardíaca, o aumento da pressão hidrostática e a retenção de água e sódio são os principais fatores, sendo, pois, um quadro de retenção hídrica, associado a edema de membros inferiores, da região pré-sacral, da face e derrames de outras cavidades.

No caso de uma origem renal, como na síndrome nefrótica, a hipoproteinemia levando a uma diminuição da pressão osmótica associada à retenção de sal e água são os mecanismos básicos observados. É comum encontrar edema facial, além de edema de membros inferiores e da região pré-sacral. Quando há ascite associada a processos inflamatórios ou neoplásicos, não observamos edema em outras regiões.

Ao exame físico, podemos notar um abdome globoso ou de batráquio, a pele apresenta-se lisa, brilhante e fina. A ruptura de fibras elásticas leva ao aparecimento de estrias. O aumento da pressão abdominal pode levar à protusão da cicatriz umbilical, hérnias inguinais e escrotais. O exame do líquido ascítico tem grande valor diagnóstico e é obtido por paracentese. O aspecto do líquido é importante, quando límpido, sugere transudato, quando amarelo-citrino, exsudato. Em condições em que há icterícia associada, a cor tende a ser amarelo-escura. Uma neoplasia maligna pode levar a uma ascite hemorrágica, em que o líquido apresenta-se cor de rosa. Quando turvo ou francamente purulento, associa-se a infecção bacteriana.

Quando se verifica valores acima de 250 células/mm3 na citometria, sugere peritonite bacteriana espontânea. A dosagem de albumina do líquido ascítico deve ser feita associada à dosagem de albumina do soro (Galb = Alb. Sérica – Alb. Ascite). Quando o Galb está acima de 1,1, suspeita-se de hipertensão portal. Em neoplasias, síndrome nefrótica, TB e carcinomatose, este gradiente é menor que 1,1. O nível de glicose, quando muito baixo (em torno de 60mg/100ml), sugere ascite turberculosa ou secundária à perfuração intestinal. Pode-se avaliar também amilase, cultura bacteriana, pH e citologia para auxílio no diagnóstico diferencial.



Bibliografia

- Harrison - Medicina Interna 17a. edição McGraw Hill

- Semiologia Médica - As bases do diagnóstico clínico - Mario López e J. Laurentys-Medeiros - 5a. edição - Revinter

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