Corrimento vaginal

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Edição feita às 18h15min de 27 de Junho de 2012 por Clara (Discussão | contribs)

Texto de Clara Mota


Corrimento vaginal



É o sintoma responsável por cerca de metade das consultas ginecológicas. É um termo inespecífico que designa toda secreção não sanguínea que se exterioriza pela vagina. Pode ser fisiológica, oriunda da secreção fisiológica das glândulas cervicais e a transudação através do epitélio vaginal, que se alteram de acordo com a fase do ciclo menstrual e com o grau de excitação sexual.

O conteúdo vaginal normal é formado por fluidos tubário e endometrial, muco cervical, células descamadas da vagina, transudato das paredes vaginais, das glândulas sebáceas e apócrinas da vulva, glândulas de Skene e Bartholin. A quantidade média diária é de 3 a 5 gramas. O pH vaginal é mantido ácido, em torno de 3,8 a 4,2, principalmente por ação da microbiota vaginal, através da conversão de glicogênio em ácido láctico.

Durante o período ovulatório, pode ocorrer a exteriorização de um corrimento de aspecto claro, mucoso, abundante, com alto grau de filância, devido aos altos níveis de estrogênio identificados nesse período. Este constitiu o Método de Billings para controle da natalidade. Após esse período, a secreção se torna mais espessa, leitosa, devido ao excesso de descamação do epitélio vaginal induzido pela progesterona.

Algumas circunstâncias que alteram a microbiota favorecem o desenvolvimento de microorganismos patogênicos, como o uso de antibióticos, irritação local da mucosa vaginal, alterações hormonais, hábitos de higiene, atividade sexual. Quando há diminuição relativa do estrogênio, há uma diminuição do glicogênio, resultando em aumento do pH vaginal. Geralmente surgem alguns sintomas e sinais associados, como queimação, prurido, dispareunia, edema vulvar e inflamação vaginal.

Quando é relatado um corrimento amarelado ou esverdeado, purulento, escuro, mal-cheiroso, que provoca irritação, ardor ou prurido, deve-se pensar em vulvovaginites, sendo necessário um diagnóstico etiológico para encaminhar o tratamento.

- Candidíase: aparecimento súbido de prurido e ardor vulvar, que se agrava com a relação sexual e ao lavar-se com sabão. O parceiro sexual também frequentemente reclama de ardor após relação. A secreção é frequentemente descrita como espessa, leitosa, formando gumos. O uso recente de antibióticos de largo espectro, de corticóides, de pílula anticoncepcional, de gravidez atual ou de diabetes fortalecem o diagnóstico, pois são situações que favorecem a proliferação da Candida albicans.

- Tricomoníase: a história natural consiste no aparecimento de um corrimento amarelado, abundante, com mau cheiro, prurido e ardor vulvar, que se seguiram a uma relação sexual.

- Vaginose bacteriana: causada por Gardnerella vaginalis, caracterizada por um corrimento escuro, esverdeado, com intenso mau cheiro, que se acentua no período pós-menstrual e pós-coito. Não costuma provocar prurido ou ardor.

Não se deve basear o diagnóstico apenas na descrição dos sintomas do paciente, alguns métodos são válidos, como:

- Medida do pH vaginal: realizado com fita de papel indicador de pH em contato com a parede vaginal. O valor fisiológico varia de 3,8 a 4,5.

- Teste das aminas (teste do cheiro): mistura-se conteúdo vaginal com gota de hidróxido de potássio. Considerado positivo quando há odor fétido (“odor de peixe”).

- Bacterioscopia do conteúdo vaginal: o achado típico do conteúdo vaginal normal são céulas epiteliais vaginais em quantidade moderada, usualmente em maior número que os leucócitos, predominância de lactobacilos em relação às outras espécies de bactérias, ausência de clue cells, Trichomonas vaginalis ou de fungos.

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