texto de Diego Ortega dos Santos
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A doença de Wilson é um quadro genético autossômico recessivo no qual há defeito no gene ATP7B, responsável pela excreção do cobre hepático.
Não se trata de uma doença muito prevalente, com uma incidência é de 1 em cada 30 a 40 mil nascidos vivos. Sua importância reside, assim, na intensa morbidade e na possibilidade bastante concreta de remedia-la com eficiência, evitando também o óbito, invariável nos casos não tratados. Não demonstra predileção por etnia ou idade, mas demonstra um padrão relevante: o quadro de início hepático costuma acometer pacientes com menos de trinta anos, enquanto o com início neuro-psiquiátrico é mais comum entre a primeira e a quinta década de vida. Assim, pacientes muito jovens com doença psiquiátrica de súbito surgimento precisam passar pelo diagnóstico diferencial de doença de Wilson.
O cobre está presente nas quantidades ideais (1 a 3mg) na imensa maioria das dietas. Uma vez no intestino, ele é absorvido e jogado na corrente sanguínea ligado à albumina e aminoácidos até chegar ao fígado. A deficiência no funcionamento do ATP7B é responsável por prejudicar dois dos mais importantes mecanismos de transporte hepático de cobre. O primeiro é a ligação à ceruplasmina, e o segundo é a excreção na bile. Os outros mecanismos incluem a ligação a metalotioneína e a síntese de enzimas de cobre, mas eles não são afetados na doença de Wilson. Assim, o fígado torna-se rapidamente saturado de cobre enquanto o resto do organismo, ao menos em fases iniciais, tem níveis baixos do minério circulando com ceruplasmina. Com a progressão não controlada da doença, entretanto, os níveis de cobre livre sérico chegam a cinco vezes o normal, e outros órgãos passam a funcionar como depósito, sendo o sistema nervoso central um exemplo importante dentre muitos.
A doença de Wilson tem várias manifestações, como segue abaixo:
O método diagnóstico ideal é a biópsia hepática com o achado de níveis elevadíssimos de cobre. Por se tratar de um método bastante invasivo, todavia, outros critérios podem sugerir a doença
A penicilamina é o fármaco de escolha para o tratamento da doença de Wilson, sendo extremamente útil e já bastante tradicional. Em pacientes alérgicos ou mal-responsivos, contudo, já existem fármacos alternativos como o trien ou o acetato de zinco oral. O paciente precisará aderir adequadamente à terapia pelo resto da vida, pois de outra forma a doença progride invariavelmente para o óbito por sérios comprometimentos neurológicos e insuficiência hepática.Em adição é preciso cuidado com alimentos muito ricos em cobre, como mariscos e fígados, e certificar-se de que a água potável ingerida não excede em 1,3mg/L o cobre total. O tratamento inclui também a reabilitação de problemas já estabelecidos através de terapia da fala, fisioterapia e acompanhamento psiquiátrico. Tomados os devidos cuidados, o paciente com doença de Wilson pode ter uma vida essencialmente normal e longeva.
fonte: Cecil Medicina, 23ed