texto de Diego Ortega dos Santos
Por mais que seja tratada como doença contida em si mesma, a anemia é um sintoma. Refere-se a alguma patologia que, aí sim, merece tratamento, de preferência mais elaborado do que uma prescrição de sulfato ferroso às cegas. Muitas vezes a única maneira de confirmar essa patologia é através dos resultados de um hemograma. Para melhor interpretá-los, sugerimos um modelo de raciocínio diagnóstico neste texto. Salienta-se que cada profissional pode adotar uma linha de pensamento própria, mas esta é, talvez, a mais didática.
Uma vez que a suspeita de anemia foi confirmada com o nível reduzido de hemoglobina (menos de 13,5g/dL em homens e de 12,0g/dL em mulheres, com variações entre laboratórios), observa-se o VCM, isto é, o volume corpuscular médio. Caso dentro do normal (80 a 100 fL), trata-se de uma anemia normocítica. Caso acima, uma anemia macrocítica, e uma microcítica, se abaixo. É possível, então, afunilar bastante as hipóteses diagnósticas:
Tendo determinada essa característica essencial, pensa-se nos reticulócitos. Tratam-se de células eritrocitárias jovens, saídas recentemente da medula óssea. Sua presença serve como um marcador para o primeiro dia do eritrócito no sangue periférico. Assim, o aumento no seu número (que está entre 0,5% e 1,5% dos componentes sanguíneos) reflete a hiperatividade da reposição eritrocitária, sendo uma boa resposta à hipoxemia e à anemia. Assim, o fluxograma abaixo ajuda o raciocínio diagnóstico:
É válido ressaltar que o exposto é apenas um guia didático. As doenças muitas vezes se expressam de maneiras atípicas, e os próprios exames podem conter erros. A clínica costuma ser muito importante, e por vezes até evidente, nos casos citados. O laboratório deve funcionar, dessa forma, como confirmador de hipóteses, e não como criador delas.
fonte: Semiologia Clínica,Isabela M. Benseñor et al