Avaliação clínica e complementar no diagnóstico de demência

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Edição feita às 16h06min de 1 de Setembro de 2009 por Caio Abner (Discussão | contribs)

Avaliação clínica e complementar no diagnóstico de demência


Escrito por Caio Abner

Diagnóstico de síndrome demencial

Demência pode ser definida como uma síndrome caracterizada por declínio da memória, associada a déficit de pelo menos outra área da cognição (gnosis, praxias, linguagem ou funções executivas) com intensidade suficiente para interferir no desempenho social ou profissional do indivíduo. É importante que haja uma comparação do estado atual com a situação prévia do indivíduo, pois algumas pessoas podem sempre ter vivido com nível mais baixo em determinada função.

O diagnóstico de síndrome demencial é eminentemente clínico, contudo, a causa da demência depende de investigação complementar, constituída por exames laboratoriais e de neuroimagem.

A avaliação cognitiva inicial de indivíduos com suspeita diagnóstica de demência deve incluir testes de rastreio. Entre os testes de rastreio, O Mini-Exame de Estado Mental (MEEM ou Mini-Mental) é o mais empregado (Tabela 1). É um teste simples e de aplicação rápida (cerca de 5 a 7 minutos), com alta confiabilidade. As pontuações variam de zero a 30 pontos, e valores mais altos indicam melhor desempenho. O desempenho no Mini-Mental é influenciado pela escolaridade, dessa forma, recomenda-se notas de corte diferenciadas conforme o nível educacional (Tabela 2). A avaliação funcional em pacientes com suspeita de demência inicia-se na anamnese, investigando-se o desempenho do indivíduo em atividades da vida diária, tanto no âmbito profissional, social ou de lazer.

Tabela 01 - Mini-Exame do Estado Mental

Diz-se ao idoso: Agora faremos algumas perguntas para saber como está sua memória. Algumas perguntas podem parecer muito simples, mas temos de seguir a sequência completa. Não se preocupe com o resultado das perguntas
1) Em que dia estamos?
( ) Ano ( ) Semestre ( ) Mês ( ) Dia ( ) Dia da semana
2) Onde nós estamos?
( ) Estado ( ) Cidade ( ) Bairro ( ) Hospital ( ) Andar
3) Repita as palavras ( 1 segundo para dizer cada uma, depois pergunte ao idoso todas três):
( ) Gelo ( ) Leão ( ) Planta
Se ele não conseguir repetir as três, repita até que ele aprenda todas três. Conte as tentativas e registre. ____ Tentativas.
4) O(a) senhor(a) faz cálculos?
Se a resposta for positiva, pergunte: Se de 100 reais forem tirados 7, quanto resta? E se tirarmos mais 7 reias, quanto resta? (Total de cinco subtrações).
1. (93)___ ( ) 2. (86)___ ( ) 3. (79)___ ( ) 4. (72)___ ( ) 5. (65)___ ( )
Se a resposta for não, peça-lhe para soletrar a palavra mundo de trás para frente.
1. O ( ) 2. D ( ) 3. N ( ) 4. U ( ) 5. M ( )
5) Repita as palavras que disse há pouco.
________ ( ) ________ ( ) ________ ( )
6) Mostre um relógio de pulso e pergunte-lhe: O que é isto? Repita com a caneta.
Relógio ( ) Caneta ( )
7) Repita o seguinte: Nem aqui, nem ali, nem lá. ( )
8) Siga uma ordem de três estágio:
Pegue o papel com a mão direita ( ) Dobre-o ao meio ( ) Ponha-o no chão ( )
9) Leia e execute o seguinte: (cartão)
FECHE OS OLHOS
10) escreva uma frase:
__________________________________________________________( )
11) Copie este desenho:


Investigação complementar

As doenças que podem causar demência são classificadas em dois grupos: sem e com comprometimento estrutural do sistema nervoso central (SNC).

As demências sem comprometimento do SNC são originados de causas tóxicas ou metabólicas que ocorrem secundariamente à doenças sistêmicas ou à ação de drogas. Com isso, o diagnóstico etiológico desse tipo de demência depende de exames complementares e de anamnese detalhada, sobretudo quanto ao uso pregresso de medicamentos. Os exames laboratoriais têm a finalidade de evitar que demências potencialmente reversíveis deixem de ser identificadas, por isso a lista de exames é relativamente extensa (Tabela 3).

Outro exame que pode ser usado é o eletroencefalograma, que ode ser útil no diagnóstico diferencial de demência e delirium, no diagnóstico de algumas encefalopatias metabólicas, na atividade epileptog~enica subclínica e na doença de Creutzfeldt-Jacob.

As demências secundárias decorrem de diversas condições clínicas, como doença cerebrovascular, hidrocefalia, infecções e tumores. Nesses casos, é imprescindível o uso de exames de neuroimagem.

As demências primárias ou degenerativas têm a síndrome demencial como a manifestação clínica principal. Aqui se encontra a causa mais frequente de demência, particularmente em indivíduos acima de 65 anos, que é a Doença de Alzheimer. Outras causas nesse grupo são a demência frontotemporal e a demência com corpos de Lewy.

Outro tipo de demência primária tem como característica clínica predominante a presença de sinais motores, sobretudo extrapiramidais. Nesses casos, o exame neurológico constitui a principal ferramenta diagnóstica, podendo revelar bradicinesia, rigidez, tremor, instabilidade postural ou alterações da marcha características em casos de doença de Parkinson; alteração da motricidade ocular extrínseca na paralisia supranuclear progressiva; movimentos coréicos na doença de Huntington; síndrome cerebelar nas ataxias espinocelulares, entre outros.

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