Hepatite B

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Edição feita às 19h58min de 25 de Agosto de 2009 por Viviane (Discussão | contribs)

Texto de Viviane Teixeira


Hepatite B



A Hepatite B é uma doença infecciosa causada pelo vírus da Hepatite B (HBV), o qual permanece no sangue durante os últimos estágios de um período de incubação prolongado (4 a 26 semanas) e durante episódios agudos de hepatite aguda e crônica. É resistente e suporta extremos de temperatura e umidade, estando presente em todos os líquidos corporais e patológicos, com exceção das fezes.

O HBV é membro da família dos Hepadnaviridae, gênero Orthohepadnavirus, e se apresenta morfologicamente como uma partícula esférica, de dupla camada, com um invólucro superficial externo de proteína, lipídeo e carboidrato envolvendo um cerne levemente hexagonal, sendo também chamado de “partícula de Dane”. Seu genoma é constituído por uma molécula de DNA circular e parcialmente de duplo filamento, e cada região dele codifica seqüências de proteínas, sendo as principais:

HBcAg (antígeno central ou core da HB – gene C): Proteína do cerne do nucleocapsídeo.

HBeAg (antígeno ‘e’ da HB): Transcrito polipeptídico mais longo, com uma região cerne e pré-cerne.

HBsAg (antígeno de superfície da HB): Glicoproteína do invólucro. Quando infectados, hepatócitos podem sintetizar e secretar quantidades maciças dessa proteína de superfície.

HBV polimerase (gene P)

HBxAg (gene X)

Tabela de conteúdo

TRANSMISSÃO

A transmissão é predominantemente por via parenteral ou por meio de contato pessoal íntimo.

• Sangue e líquidos corporais são os veículos primários

• O vírus também está presente em secreções corporais, como: sêmen, saliva, suor, lágrimas, leite materno e efusões patológicas, embora os casos de contaminação por essas vias não sejam comuns.

• Importante via de transmissão é a neonatal (transmissão vertical), que em geral leva a um estado de portador vitalício.

CATEGORIAS DE RISCO

• Transfusão

• Hemoderivados

• Diálise

• Acidentes por picada de agulha entre profissionais da Saúde

• Heterossexuais com múltiplos parceiros sexuais

• Atividade Homossexual

É importante salientar que, atualmente, infecções de Hepatite B por transfusão sanguínea e produtos plasmáticos são raras, em virtude da instituição de pesquisa no sangue de doadores.


SINAIS E SINTOMAS

Inicialmente

• Mal-estar generalizado

• Cefaléia

• Mialgia

• Anorexia

• Febre

Posteriormente

• Icterícia

• Prurido

• Colúria

• Acolia fecal

FASES DA INFECÇÃO POR HBV

Proliferativa

Expresão na superfície celular do HBsAg e HBcAg virais em associação com MHC-1, leva à ativação dos linfócitos TCDR + citotóxicos e destruição dos hepatócitos.

Integrativa

DNA viral é incorporado ao genoma hospedeiro nos hepatócitos não destruídos pela resposta imune. Com a cessação da replicação viral e aparecimento dos anticorpos antivirais, infecciosidade cessa e lesão hepática diminui. Risco de carcinoma hepatocelular diminui.

DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO

HBsAg: aparece antes do início dos sintomas, atinge o auge durante a doença fraca e, então, declina a níveis indetectáveis e, 3 a 6 meses.

HBeAg, DNA do HBV e DNA polimerase aparecem no soro logo depois o HBsAg e todos significam REPLICAÇÃO VIRAL ATIVA.

Anti-HBc IgM: torna-se detectável no soro pouco antes do início dos sintomas, ao mesmo tempo que o início da elevação dos níveis séricos de transaminases. Durante meses, os anticorpos IgM são substituídos por IgG anti-HBc.

Anti-HBe: detectável logo depois do desaparecimento do HBcAg, significando que a infecção aguda chegou ao auge e a doença começa a declinar.

Anti-HBs IgG: eleva-se somente depois que a doença aguda tiver acabado e geralmente é indetectável por algumas semanas a vários meses após o desaparecimento do HBsAg.


É considerado portador aquele que apresentar HBsAg no soro por 6 meses ou mais após a detecção inicial. Replicação crônica de vírions do HBV: persistência de HBsAg, HBeAg e DNA do HBV circulantes, em geral com anti-HBc e, às vezes, com anti-HBs.


Marcadores HBsAg HBeAg Anti-HBe Anti-HBc Anti-HBs HBV-DNA
Infecção Crônica VHB

positivo

positivo negativo positivo negativo positivo
Infecção Oculta VHB

negativo

negativo negativo positivo negativo positivo
Portador inativo VHB

positivo

negativo positivo positivo negativo positivo
Pré-core mutante

positivo

negativo positivo positivo negativo positivo
Infecção passada

negativo

negativo negativo positivo/negativo positivo negativo


INTERPRETAÇÃO DE MARCADORES

HBsAg positivo

  • HBV em atividade (“infecção ativa”). Aguda, crônica, assintomática.

HBsAg negativo

  • Improvável, mas não exclui possibilidade de HB -> “janela imunológica” ou níveis muito baixos ou “mutante de escape”.

HBsAg positivo ou negativo/ Anti-HBc IgM positivo

  • HBsAg positivo/ Anti-HBc IgM positivo = HB aguda
  • HBsAg negativo/ Anti-HBc IgM positivo = janela imunológica -> HB aguda

HBsAg positivo/ Anti-HBc IgM negativo – IgG positivo

  • Hepatite crônica.

HBsAg negativo/ Anti-HBc IgM negativo – IgG positivo

  • IgG anti-HBc positivo/ Anti-HBs positivo = “cicatriz imunológica”
  • IgG anti-HBc positivo/ Anti-HBs negativo = Hepatite crônica ou curada há muito tempo. Em caso de dúvida, o esclarescimento é obtido somente com pesquisa de DNA viral.

HBsAg negativo/ Anti-HBc IgM negativo – IgG negativo/ Anti-HBs positivo

  • Situação que pode ser obtida apenas por IMUNIZAÇÃO VACINAL PRÉVIA.


TRATAMENTO

PREVENÇÃO

As vacinas contra a hepatite B disponíveis no Brasil são produzidas por engenharia genética por meio da inserção de um plasmídeo contendo o antígeno de superfície do vírus B (AgHBs) em levedura. As vacinas não promovem infecção, pois não contêm DNA viral. A vacinação induz apenas à produção do anti-HBs. As vacinas podem conter ou não timerosal1(D) e o AgHBs é adsorvido ao hidróxido de alumínio. Também estão disponíveis formulações combinadas com outras vacinas. Devem ser conservadas em geladeira, entre 20ºC e 80ºC, e não podem ser congeladas, pois perdem sua potência.

Os esquemas posológicos variam de acordo com o laboratório produtor. Os esquemas mais utilizados freqüentemente são de três doses nos momentos zero, um e seis meses após a primeira dose. O intervalo recomendado entre a primeira e a segunda dose é de um mês, e entre a segunda e terceira é de, no mínimo, dois meses. A terceira dose deve ser administrada após os seis meses de idade. Se a vacinação for interrompida, não é necessário recomeçar o esquema, apenas completá-lo.

Em recém-nascidos e lactentes, as vacinas devem ser aplicadas por via intramuscular no músculo ântero-lateral da coxa e em crianças maiores, adolescentes e adultos, no deltóide.

As vacinas estão indicadas de forma universal para todas as crianças e adolescentes e para adultos pertencentes aos grupos de risco: politransfundidos, pacientes submetidos à diálise, profissionais da saúde, contactantes domiciliares com portador crônico, parceiro sexual de portador crônico, usuários de drogas injetáveis, pessoas de vida sexual promíscua, imigrantes de áreas endêmicas.

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