Texto de Sarah Gomes Diógenes
Dispnéia é definida como a experiência subjetiva de desconforto ao respirar, causada pela interação de vários fatores fisiológicos, psicológicos, sociais e ambientais, podendo desencadear respostas fisiológicas e comportamentais secundárias. A interação entre os mecanismos motores eferentes, provenientes do SNC, e os mecanismos sensoriais aferentes gera as sensações respiratórias.
Um desequilíbrio entre os estímulos eferentes (feed-forward) e os aferentes (feedback) altera a intensidade da dispnéia, como ocorre nos casos de asma e DPOC. Em situações de ansiedade aguda, também pode haver agravamento da sensação de dispnéia.
Pode ocorrer por uma demanda excessiva de ventilação e/ou por distúrbio ventilatório. A demanda ventilatória pode aumentar fisiologicamente, como na gravidez e no exercício, e patologicamente, como no hipertireoidismo e na acidose metabólica. Podendo este ser do tipo neuromuscular (miastenia gravis), restritivo (fibrose pulmonar difusa) e obstrutivo (asma e enfisema).
A dispnéia pode ter origem no sistema respiratório e circulatório.
- Respiratório: a estimulação dos receptores pulmonares, como na pneumonia e no edema pulmonar, a hiperatividade do centro de controle por hipercapnia e hipoxemia, bem como por altitude elevada, altos níveis de progesterona e de alguns fármacos, como ácido acetilsalicílico, podem resultar em dispnéia. Certos distúrbios que levam ao aumento do trabalho respiratório, aumento da resistência das vias áreas, que enrijecem a parede torácica e que enfraquecem os músculos respiratórios também podem resultar em dificuldade respiratória e dispnéia.
- Cardiovascular: casos em que o débito cardíaco está elevado, como na anemia moderada ou grave, nos shunts intracardíacos esquerda-direita e na obesidade, estão relacionados ao desenvolvimento de dispnéia. Uma importante causa de dispnéia aos esforços é na disfunção diastólica, estando preservado o débito cardíaco. Quando há diminuição do débito cardíaco, por conseqüência de doenças miocárdicas, ocorre aumento da pressão do capilar pulmonar, levando a um edema intersticial e dispnéia.
A descrição do tipo de desconforto é importante para a avaliação da dispnéia. Quando descrita como uma sensação de aperto¸ pode sinalizar asma, isquemia miocárdica, broncoconstricção ou edema intersticial. Se caracterizada como esforço respiratório, direciona o raciocínio para obstrução das vias respiratórias, como na DPOC, ou então, uma doença neuromuscular, como uma miopatia. A expressão falta de ar descreve a situação em que há aumento do estímulo para respirar, como na ICC ou embolia pulmonar. Uma hiperinsuflação, como na asma, ou uma diminuição do volume corrente, como na fibrose pulmonar, são geralmente descritas como incapacidade de respirar profundamente. Uma respiração pesada está relacionada ao descondicionamento físico.
Para a classificação, utiliza-se a seguinte escala:
Grau de Dispnéia - Esforço físico
0 - Exercícios extremos, como correr ou subidas fortes
1 - Andar depressa no plano ou subida discreta
2 - Andar no plano com passo normal, obriga a parar após alguns minutos
3 - Parar após 100 metros ou poucos minutos de caminhar no plano
4 - Vestir, tomar banho, trocar de roupa. Restrita ao domicílio
Bibliografia:
Semiologia Clínica - Isabela M. Benseñor - Sarvier
Exame Clínico Bases para a Prática Médica - Celmo Celeno Porto - 6ª. edição