Texto de Lucas Araujo
CÂNCER DE ESÔFAGO
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O câncer de esôfago é a sexta causa de mortalidade oncológica no nosso país. É uma afecção que tem predominância:
- No sexo masculino (com uma relação de 3:1) - Na raça negra - A partir dos 40 anos de idade (pico entre 50 e 60 anos)
A neoplasia de esôfago pode ser dividida em:
Se caracteriza por ser derivado do epitélio estratificado não queratinizado presente na mucosa normal do esôfago. Esse tipo histólogico era o mais comum, porém sua incidência vem diminuindo no decorrer dos anos em relação ao adenocarcinoma. Alguns autores aceitam atualmente uma incidência relativamente igual dos dois tipos, porém outros já defendem que o adenocarcinoma tenha ultrapassado o carcinoma escamoso em incidência. Sua localização mais comum é no terço médio do esôfago.
Este é derivado do chamado epitélio de Barret (uma metaplasia intestinal que complica alguns pacientes que apresentam esofagite grave de refluxo). podemos perceber, portanto, que esse tipo histológico de câncer de esôfago é mais predominante no terço distal do órgão.
- Tabagismo
Juntamente com o etilismo, é o principal fator de risco para essa doença presente no Brasil (principalmente no caso do carcinoma escamoso).
- Etilismo
Pacientes doentes geralmente apresentam história de etilismo pesado. Além de bebidas alcoólicas propriamente ditas, pessoas que tem por costume ingestão de bebidas quentes também apresentam uma probabilidade maior de apresentar neoplasia de esôfago.
- Dieta
Alimentos que apresentam compostos N-nitroso, com fungos produtores de toxinas ou dieta com baixas quantidades de selênio, zinco ou vitaminas.
- Doenças esofágicas
Podemos citar como exemplo: acalásia, síndrome de Plummer-Vinson ou estenose cáustica.
- Genética
A tilose palmar e plantar é a principal doença hereditária que está relacionada ao câncer de esôfago.
- Esofagite de refluxo
Esse fator de risco se relaciona apenas ao adenocarcinoma, sendo o seu principal.
- Outros
Infecções por fungos, HPV, câncer de cabeça e pescoço com exposição a radiação, doença celíaca, etc.
O principal sintoma associado a presença de uma neoplasia de esôfago é a disfagia. Esse sintoma apresenta como característica se iniciar para sólidos, evoluindo para líquidos após um período de tempo variável. O paciente também apresentará perda de peso acentuada, acima ainda do que o esperado para a sua disfagia. Outros sintomas inespecíficos, como dor retroesternal ou indigestão, podem ocorrer. caso o nervo laríngeo seja atingido pelo crescimento do tumor, o paciente pode se queixar de rouquidão. Em outros casos, ainda pode-se apresentar halitose e hematêmese.
Os dois principais exames que nos auxiliam no diagnóstico da neoplasia de esôfago são:
- Esofagografia baritada
Realizada, preferencialmente, com administração de duplo contraste. Pode ser utilizado para diferenciação com estenose péptica. A lesão característica do câncer de esôfago nesse exame é o de uma redução súbita do lúmem do órgão (lesão em maçã mordida). Nas patologias benignas o estreitamento da luz é mais progressivo (lesão em bico de pássaro).
- Endoscopia digestiva alta
Com o seu auxílio, pode ser realizada biópsia da lesão e consequente confirmação diagnóstica. Através da endoscopia pode-se, também, classificar as neoplasias em polipóide exofítico, escavado ou ulcerado e plano ou infiltrativo.
O estadiamento do câncer de esôfago se baseia no sistema TMN:
- Tumor (T) T0: sem evidência de tumor primário Tis: carcinoma in situ T1: invade nucosa (T1m) ou submucosa (T1sm) T2: invade a camada muscular T3: invade a camada adventícia T4: invade estruturas adjacentes - Linfonodos (N) N0: não invade linfonodos N1: Invade linfonodos regionais ou mediastinais - Metástase à distância (M) M0: sem metástases a distância M1: com metástases a distância
Depois de feita a classificação TMN poderemos estagiar a neoplasia de acordo com as informações abaixo:
- Estágio I: T1, N0, M0 - Estágio IIA: T2 ou T3, N0, M0 - Estágio IIB: T1 ou T2, N1, M0 - Estágio III: T3, N1, M0 ou T4, N qualquer, M0 - Estágio IV: T qualquer, N qualquer, M1
As neoplasias de esôfago são extremamente agressivas. O fato de o esôfago não apresentar serosa é um fator facilitador para a disseminação da lesão e piora do prognóstico do paciente. Importante também é o fato de o paciente só começar a apresentar sintomas e ir ao médico quando a doença já se apresenta em estágio avançado.
Nos casos de pacientes que apresentam estado geral razoável sem presença de comorbidades ou metástases a distância, a cirurgia curativa pode ser tentada. Apesar disso, a cura só pode ser obtida em 10-35% dos casos. Os procedimentos a serem realizados são a esofagectomia e a linfadenectomia regional. A quimiorradioterapia neo-adjuvante está indicada nos pacientes nos estágios IIA IIB e III, objetivando redução de metástases. Os pacientes que não são candidatos a cirurgia devido a comorbidades também podem se beneficiar desses métodos. Existe, ainda, uma terapia paliativa para os pacientes com tumores irressecáveis que pode consistir de:
- Dilatadores esofágicos ou stents - Terapia fotodinâmica - Radioterapia - Gastrostomia ou jejunostomia
Bibliografia: Bases Patológicas das Doenças - Robbins & Cotran - 8ª edição
Medicina Interna volume I - Harrison - 14ª edição