Escrito por Paulo Marcelo Pontes Gomes de Matos
O carcinoma inflamatório da mama é uma forma rara e extremamente agressiva de câncer da mama. Ele caracteriza-se por rápida progressão, associada ao desenvolvimento de metástases, tanto locais como a distância, baixa taxa de sobrevida em cinco anos e desenvolvimento precoce. Seu quadro clínico assemelha-se ao de um processo inflamatório (daí o nome carcinoma inflamatório).
Devido à sua apresentação clínica e ao fato de se tratar de uma entidade patológica rara, muitas vezes o diagnóstico correto é feito tardiamente. Consequentemente, o tratamento adequado é adiado, piorando o prognóstico já obscuro do paciente.
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Em 1924, Burton J. Lee e Norman E. Tannenbaum introduziram pela primeira vez o termo carcinoma inflamatório. Eles consideraram essa neoplasia uma fase distinta dos carcinomas da mama. Eles concluíram que a alteração patológica mais marcante era a invasão dos linfáticos da derme por células tumorais. Além disso, relataram também que testes bioquímicos e bacteriológicos foram incapazes de explicar as alterações observadas. Outro fato importante apontado por eles foi que o carcinoma respondia mal ao tratamento cirúrgico, sendo a radioterapia a única opção existente para aliviar os sintomas e prolongar a vida desses pacientes.
O carcinoma inflamatório da mama é uma forma rara de câncer da mama. Ele representa de 2,5% a 5% das neoplasias malignas da mama. Apesar de pouco freqüente, possui uma letalidade muito elevada, sendo a sobrevida, mesmo com tratamento adequada, inferior a quatro anos.
O carcinoma inflamatório da mama é uma neoplasia que afeta principalmente mulheres mais jovens. A faixa etária mais acometida sofre variações de acordo com a região, indo de 43 anos (Tunísia) até 55 anos (Estados Unidos).
A aparência da mama é aquela de um processo inflamatório. A alteração mais freqüente é a presença de um eritema difuso extenso, ocupando mais de um terço da área da mama. Esta também se encontra, muitas vezes, edemaciada, com aspecto de casca de laranja (peau d’orange), devido ao aumento dos folículos pilosos. No exame físico, em geral, não são encontradas massas palpáveis, o que dificulta o diagnóstico. A região da mama que está afetada encontra-se dolorosa ao toque e quente. Em alguns casos é possível palpar-se massas metastáticas nos linfonodos axilares e/ou supraclaviculares. O mamilo não está necessariamente envolvido, não constituindo, portanto, critério diagnóstico. Apesar disso, ele pode se apresentar crostoso, bolhoso, retraído ou achatado.
Vários estudos mostraram que o método de combate mais eficaz ao carcinoma inflamatório da mama é através de um tratamento multimodal, o qual consiste em quimioterapia sistêmica seguida de cirurgia de remoção do tumor e/ou radioterapia.
FONTE: Robertson, F., Bondy, M., Yang, W. et al: Inflammatory Breast Cancer - The Disease, the Biology, the Treatment. In: Cancer Journal for Clinicians. 2010