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Texto de Adriana Façanha
A hiperêmese é a forma grave da êmese simples, presente, principalmente, no primeiro trimestre de uma gestação normal. Sua incidência tem diminuído bastante, graças ao acompanhamento mais eficaz no pré-natal (uso de medicações mais eficazes, maior número de consultas).
Não existe uma causa definida para explicar o fenomeno da hiperemese gravídica. Foram sugeridos diversos mecanismos, como reações do organismo materno a substancias produzidas pelo concepto, alterações hormonais e até psicossomatizacoes, para explicá-la. Foi observado certo paralelismo dos fenômenos eméticos com a ascensão dos níveis séricos da gonadotrofina coriônica. Quando a produção de HCG cai, os sintomas de hiperêmese costumam desaparecer. Com os vômitos incoercíveis, sobrevêm distúrbios hidro-eletrolíticos (depleção de sódio, cloro) e desnutrição, nos casos severos. As carências de oligoelementos e vitaminas são também importantes, principalmente as hidrossolúveis ( C e aquelas do complexo B). Tanto é assim que, nos casos mais graves, pode-se encontrar , pela desnutrição severa, degeneração gordurosa do parênquima hepático e encefalopatia de Wernicke, pela deficiência de vitamina B1 (tiamina).
Didaticamente, dividimos a Hiperemese Gravídiva em sua forma média e grave, conforme a intensidade. A forma media engloba as pacientes com emese simples persistente por 2-4 semanas sem assistência médica. Não evoluem para desnutrição e não apresentam distúrbios hidroeletrolíticos. A forma grave abriga as pacientes que, pelos vômitos intensos e persistentes, são obrigadas a não se alimentar. Essas são as pacientes que desenvolvem DHE mais facilmente. O estado geral fica mesmo comprometido, há perda de peso rápida (6-8% ), pele e mucosas desidratam e o pulso se mantém acima de 100 bpm. A paciente entra em quadro de choque hipovolêmico, com hipotensão, oligúria ( IRA pré-renal). A carencia de nutrientes (vitaminas e ologoelementos) se faz notar pelo aparecimento de polineurite(paresias) e encefalopatia de Wernicke. A Síndrome de Korsakoff se caracteriza pela presença da psicose com alucinações.
O tratamento das formas graves deve ser feito em ambiente hospitalar. A paciente deve ser avaliada clinica e laboratorialmente, além de ser importante o internamento para fazer o balanço hídrico. Devemos sedar a paciente com meperidina. A reposição de fluidos deve obedecer a perda diária, as perdas anormais e as perdas pré-existentes. Inicalmente repomos 3.000 mL em 24h (2.500 mL de soro glicosado 5% e 500 mL com SF 0,9%). Para melhorar o estado nutricional da paciente, recomenda-se solução de glicose 50% (100-200 mL). As vitaminas C e as do complexo B devem ser repostas quando a paciente ficar mais de 48h em reposição parenteral de fluidos. A paciente poderá voltar a se alimentar com parcimônia após 48h de ausência dos vômitos.
Obstetrícia Fundamental, 9ª edição.Rezende Montenegro. Guanabara Koogan.