Varicela

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Texto de Everton Rodrigues

Varicela


É a infecção primária pelo vírus varicela-zoster, caracterizada por erupção exantemática vesiculosa. É uma infecção onipresente e extremamente contagiosa; em crianças, geralmente, a doença é benigna e autolimitada. Sinonímia: catapora.

Tabela de conteúdo

Etiologia

O agente etiológico é o varicela-zoster (VZV), um vírus de DNA pertencente à família Herpesviridae. Os seres humanos são os únicos reservatórios conhecidos do VZV. O VZV causa duas entidades clínicas distintas: a varicela (infecção primária) e o herpes-zoster (reativação do vírus que estava latente nos gânglios nervosos das raízes dorsais). Os membros da família Herpesviridae são morfologicamente indistintos e permanecem em estado latente durante toda a vida do indivíduo, com recrudescências por ocasião de imunodepressões que ocorram por inúmeros fatores.

Modo de transmissão

A transmissão ocorre através de gotículas respiratórias (aerossóis) e de contatos com lesões cutâneas (líquido presente nas lesões). A participação de fômites não está bem documentada. Há transmissão desde 48 horas antes do aparecimento das lesões até a formação de crostas em todas as vesículas.

Período de incubação

10 a 21 dias, sendo em média de 14 dias.

Quadro clínico

Pode ocorrer um período prodrômico (1 a 2 dias antes do aparecimento do exantema) caracterizado por febre baixa, mal estar, adinamia, com estado geral bem conservado; após o qual se verifica o período exantemático. As lesões cutâneas – marca da doença – incluem maculopápulas, vesículas e crostas em diferentes estágios de evolução (polimorfismo regional). Essas lesões, que evoluem de maculopápulas para vesículas em questão de horas e dias, aparecem no tronco e na face e propagam-se rapidamente para outras áreas do corpo. As crianças menores tendem a apresentar menos vesículas do que os indivíduos de mais idade.

A complicação infecciosa mais comum da varicela é a infecção bacteriana secundária da pele, que costuma ser provocada por Streptococcus pyogenes ou Staphylococcus aureus. A infecção da pele resulta da escoriação das lesões por coçadura.

O local extracutâneo mais comum de comprometimento em crianças é o SNC.

A pneumonite da varicela é a complicação mais grave após a varicela, e ocorre mais comumente em adultos (até 29% dos casos) do que em crianças, sendo particularmente grave em gestantes. A pneumonite por VZV surge em geral 3 a 5 dias durante a evolução da doença e está associada a dispnéia, taquipnéia, tosse, febre. Cianose, dor pleurítica e hemoptise são comuns. As evidências radiográficas incluem infiltrados nodulares e pneumonite intersticial.

Varicela congênita

Quando a mãe tem varicela entre a 8ª e a 20ª semanas de gestação, a criança nasce com varicela congênita, quadro que se caracteriza por hipoplasia de membros, lesões cutâneas cicatriciais, microcefalia, e anormalidades oculares e do SNC.

Varicela perinatal

Está associada a uma elevada taxa de mortalidade quando a doença materna surge 5 dias antes ou 48h após o parto. A taxa de letalidade registrada alcança 30% nesse grupo. Como o recém-nascido não recebe anticorpos transplacentários protetores e tem um sistema imune imaturo, a doença pode ser muito grave.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico. A erupção cutânea característica e a obtenção de uma história de exposição recente levam ao estabelecimento imediato do diagnóstico. Caso haja dúvida no diagnóstico, pode-se solicitar um esfregaço de Tzanck (raspagem na base das lesões na tentativa de se detectar células gigantes multinucleadas; não permite diferenciar infecção pelo VZV de infecções por outros herpesvírus).

Tratamento

O tratamento só está indicado nos casos que têm maior probabilidade de complicações: pacientes adultos, adolescentes > 13 anos, crianças < 1 ano, e imunossuprimidos. Deve ser iniciado nas primeiras 48 a 72h da doença. Consiste em Aciclovir 800 mg VO, 5 vezes ao dia, por 7 dias. Nos casos de varicela complicada (como pneumonite da varicela, varicela hemorrágica, envolvimento do SNC), deve administrar Aciclovir 5-10 mg/Kg IV, 8/8h por 14 dias.Fontes: Guia de bolso de doenças infecciosas e parasitárias – Ministério da Saúde 6ª edição revista: 2006.

Vacinação

A vacina para a varicela é constituída de um vírus vivo atenuado, sendo contra-indicada para imunossuprimidos, gestantes e pessoas com história de reação anafilática à neomicina. Só0 é liberada para uso a partir de 1 ano de idade. Está indicada para indivíduos que não tiveram varicela na infância e entram em contato com um caso. A vacina deverá ser administrada até 96h após a exposição.

Imunoglobulina (VZIG)

Está indicada para imunossuprimidos e gestantes que nunca tiveram varicela, expostos a um doente. Também para recém-nascidos cuja mãe teve varicela 5 dias antes ou 48h após o parto. Deve ser administrada até 96h após a exposição.


Fontes: HARRISON – Medicina Interna 17ª edição: 2006

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