Brucelose

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BRUCELOSE




Brucelose é uma doença antiga, que foi descrita há mais de 2000 anos pelos romanos. É uma zoonose causada pela infecção de bactérias do gênero Brucella, quatro espécies podem acometer o homem: Brucella melitensis, Brucella abortus, Brucella suis e Brucella canis.

As doenças causadas pelo gênero foram descritas por vários nomes, como Brucelose, Doença de Bang, Febre ondulante, Febre de Malta, Febre Remitente do Mediterrâneo, Febre de Constantinopla, Febre de Creta e Febre de Gibraltar.




Tabela de conteúdo

AGENTES ETIOLÓGICOS

Brucelas são cocobacilos Gram-negativos (LPS na parede celular), pequenos, imóveis e não-encapsulados. Podem formar colônias lias (translúcidas, homogêneas) e rugosas (opacas e granulares). São imóveis, não formam esporos e são parasitas intracelulares facultativos.




EPIDEMIOLOGIA

Pode ser encontrada por todo mundo, sendo endêmica na América Latina, África, bacia do Mediterrâneo, no Oriente Médio e na Ásia Ocidental. Mais de 500.000 casos novos surgem no mundo por ano. A bactéria habita os órgãos reprodutivos dos animais reservatórios (bovinos caprinos e ovinos). Pode ser adquirida por contato direto com o organismo (laboratórios), ingestão (consumo de leite não-pasteurizado contaminado) ou inalação. Constata-se maior incidência no sexo masculino, com uma razão de 2:1, na faixa etária dos 55 aos 64 anos. A transmissão inter-humana é rara. Todavia, foram identificados casos de transmissão sexual, intra-uterina e por aleitamento materno.




FISIOPATOLOGIA

A bactéria pode infectar tanto células fagocitárias quanto não-fagocitárias, possuindo mecanismos de escape do sistema imune. Nas células do retículo endotelial, após fagocitose, o ambiente ácido do fagolisossomo induz a expressão de genes essenciais para a virulência do organismo, genes estes que regulam a multiplicação intracelular. As bactérias fagocitadas são transportadas para o baço, fígado, rins, medula óssea, linfonodos e rins. O LPS da parede celular exerce um importante papel na sobrevivência da bactéria, pela produção de monofosfato de adenina ou guanina, que inibe a fusão do fagolisossomo e também inibe a ação oxidativa. As espécies de Brucella possuem relativa baixa virulência, toxicidade e pirogenicidade, sendo fracos indutores da resposta inflamatória e da produção de TNF e interferon, além de não ativar o complemento. São, porém, indutoras da produção de IL-12 e da resposta Th1 e induzem a formação de granulomas nos órgãos que atacam. Após se replicarem no retículo endoplasmático, as brucelas são liberadas com a ajuda de hemolisinas e por necrose celular induzida.




QUADRO CLÍNICO

A brucelose é uma doença sistêmica, podendo ser classificada em subclínica, aguda, subaguda e crônica.

1. Subclínica: assintomática, diagnóstico através de screening sorológico.

2. Aguda: sintomas surgindo até 2 ou 3 meses antes do diagnóstico, sintomas inespecíficos como febre, artralgia, sudorese intensa, fraqueza, fadiga, mialgia e perda de peso.

3. Subaguda: sintomas semelhantes à aguda, surgindo 3 a 12 meses antes do diagnóstico.

4. Crônica: apresenta febre e sintomas neuropsiquiátricos, pode haver comprometimento do trato gastrointestinal, lesões osteolíticas ou derrames articulares, sintomas respiratórios, manifestações cutâneas (em 5% a 10% dos casos, como eritema nodoso, impetigo e lesões vasculíticas) e cardiovasculares. Resultados de sorologias e culturas são muitas vezes negativos.

O exame físico pode apresentar diversos achados como: hepatoesplenomegalia, edema de articulações, comprometimento do movimento etc. Alguns achados neurológicos como meningoencefalite, acompanhada por diminuição de consciência, envolvimento de nervos cranianos, coma, convulsões podem estar presentes. Polirradiculoneuropatia periférica, clônus e envolvimento cerebelar são também possíveis manifestações.




DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Hemoculturas, exames sorológicos, culturas de medula óssea e de tecidos infectados podem auxiliar o diagnóstico. A cultura é sensível e específica se usada incubação prolongada. Aumento de quatro vezes na titulação ou uma titulação única maior ou igual a 1:60 podem ser usadas para confirmar o diagnóstico clínico. A localização intracelular da bactéria e seu pequeno tamanho dificultam a utilização de microscopia para fins diagnósticos.




TRATAMENTO

O tratamento baseia-se em antibioticoterapia, e a OMS recomenda atualmente o uso de doxiciclina (100mg de 12 em 12 horas – oral) e rifampicina (600 a 900 mg/dia – oral). Não existe vacina humana eficaz.

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