Texto de Davi Melo
POLIARTERITE NODOSA
A poliarterite nodosa é uma vasculite, necrotizante de etiologia desconhecida, de artéria de médio calibre com processo inflamatório intenso acometendo de forma segmentar todas as camadas da parede vascular, coexistência de lesões em fases evolutivas diferentes.
Incide preferentemente no sexo masculino (2,5:1), ao redor dos 45 anos, acompanhando com febre, emagrecimento, hipertensão arterial, infarto renal, glomerulite, artralgia ou artrite, dores abdominais, abdome agudo perfurativo ou hemorrágico.
A pele apresenta levedo reticular, necrose de extremidades e ulcerações cutâneas (figura) . No coração pode ocorre angina, infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca congestiva. No sistema nervoso hemiplegia e hemiparesias. Os pulmões são poupados.
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A poliarterite nodosa é uma doença vascular, originalmente descrita como ocorrendo ao longo do curso das artérias musculares do tamanho das coronárias ou hepáticas, porém com envolvimento apenas ocasional das venulas.
Arkin, dividiu as alterações histopatológicas em 4 estágios: 1. a ocorrência da lesão na camada mais interna das pequenas artérias sem vasa-vasorum e na porção externa da média próxima a elástica externa dos vasos maiores. Este estagio pode ser assintomático.
2. disseminação do processo inflamatório, para envolver toda a circunferência do vaso, da camada íntima a camada adventícia, com formação de aneurismas e oclusão de vasos. Há associação de febre elevada e calafrios, semelhantes a doença infecciosa. A morte ocorre por rotura ou infarto dos órgãos envolvidos. A biópsia leva ao diagnóstico.
3. No terceiro estágio ocorre o aparecimento de tecido de granulação e acentuada proliferação da intima. A febre desaparece e a morte acontece por infarto ou aneurisma.
4. Neste estágio a artéria pode não ser reconhecida pela intensa substituição fibrosa. Os sintomas decorrem da falta de fluxo para os órgãos afetados.
Na poliarterite nodosa, o envolvimento das artérias coronárias é um achado comum e resulta, freqüentemente, em infarto do miocárdio. A fibrose em placas no miocárdio é a regra, da mesma forma, que o aumento macroscópico no ventrículo esquerdo, sendo atribuível a combinação de fibrose miocárdica e hipertensão renal secundária.
Relata-se hemorragias no saco pericárdico, tamponamento e morte. Ocorre pericardite inflamatória inespecífica e pericardite por uremia. Pouco se menciona do envolvimento endocárdico ou valvar.
A doença ocorre em todas as idades, com febre e envolvimento multissistêmico, podendo durar de semanas a anos. A taquicardia é comum, mesmo em ausência de febre ou insuficiência cardíaca. A pericardite pode ser secundária a infarto miocárdico ou uremia.
A ICC e hipertensão arterial sistêmica são os achados mais comuns, sendo as causas do óbito na maioria dos casos. Aproximadamente 30% dos pacientes apresentam, sopro sistólico apical ou basal, embora pouca ou nenhuma deformidade valvar ocorra, estes sopros provavelmente se devem a anemia ou disfunção dos músculos papilares.
O eletrocardiograma, mostra alterações inespecíficas de onda “T” consideradas como secundárias a fibrose miocárdica. As alterações são progressivas. É comum a hipertrofia ventricular esquerda, bloqueios dos ramos direito ou esquerdo do feixe de His, bloqueios AV de graus variados e disritmias supraventriculares.
O diagnóstico é clínico, arteriográfico pela presença de microaneurismas e alterações histológicas.
O tratamento é feito com corticoesteróides.