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texto de Diego Ortega dos Santos
Acima de 46 °C têm-se as condições para gerar uma queimadura. Totalizam 700000 o número de americanos que experimentam anualmente essa temperatura, sendo 45000 o número de internações. Reconhecidas como uma das mais sérias urgências médicas, aqueles afligidos precisam de tratamento eficiente e completo para melhorar o sombrio prognóstico.
Em função de novas técnicas cirúrgicas de tratamento, e especialmente do maior cuidado com a segurança, diminuiu bastante o total de queimados e sua mortalidade em todo o mundo. Esse cuidado inclui a preferência por materiais não inflamáveis na indústria e nos produtos e a instalação obrigatória de detectores de fumaça, extintores etc em grandes prédios. Os tipos de queimadura costumam se relacionar à idade do indivíduo. Adultos sofrem mais tipicamente de queimaduras leves (por cozinhar ou por outros hobbies). Adolescentes e jovens, particularmente homens, estão exposto a vários tipos de queimaduras (relacionados, no geral, a acidentes de maior escala). Crianças, por sua vez, são mais acometidas por queimaduras de escaldadura (ver adiante), rotineiramente relacionadas a panelas e banhos com água quente. Todavia, é sempre importante cogitar negligência ou maus tratos por parte de adultos em qualquer caso de queimadura infantil, ainda mais nos casos em que 1) não houve testemunhas ou teve a 2) presença de outros adultos que não os pais, ou se 3) a história se mostra desconexa ou conflitante e 4) não coincide com o nível intelectual da criança. É obrigação médica registrar essas suspeitas em um órgão policial. Finalmente, pacientes idosos não se relacionam epidemiologicamente aos tipos, mas sim à severidade e às complicações da queimadura.
Antigamente o grau da queimadura era relacionado numa escala de 1 a 4. Prefere-se agora adotar a classificação que se segue:
Queimaduras térmicas também se classificam por suas causas:
As queimaduras químicas e as elétricas possuem um quadro próprio muito variado, não sendo, pois, analisadas aqui.
A pele é a primeira barreira fisiológica contra infecções, bem como é reguladora de aspectos térmicos, osmóticos e protéicos. Quando a extensão da queimadura é de mais de 20%, as seguintes situações são mais prováveis:
Convém lembrar que a gravidade da queimadura não se relaciona apenas ao seu grau ou ao modo como foi feita. A extensão é um dos fatores mais importantes para determinar a severidade do quadro, por ditar a área exposta à sepse e aos desvios osmóticos. A região acometida também é de imensa importância: queimaduras de qualquer grau na face têm muitos impactos psicossocias, enquanto queimaduras nas mãos levam facilmente à invalidez.
No âmbito pré-hospitalar, a primeira medida é, obviamente, remover o agente térmico causador da lesão, seja saindo do local em chamas ou removendo roupas (mas lembre-se, a segurança de quem quer ajudar é tão importante quanto a de quem precisa da ajuda). Em seguida, tem-se em mente que esses pacientes dificilmente morrem logo após a queimadura, havendo tempo para agir corretamente, mas sem exageros. Suporte básico de vida é, então, ofertado, dando atenção a possíveis injúrias no trato respiratório. Removem-se quaisquer objetos e vestimentas com potencial de exercer efeito torniquete quando o paciente apresentar edema generalizado. Administração de oxigênio via máscaras e de fluidos via métodos apropriados é o ideal, ainda que muitas vezes inviável em situações de emergência. Uma vez garantida a vida do paciente, o correto é vesti-lo com panos secos e esterilizados. Roupas molhadas, ambientes úmidos ou gelo não devem ser usados em queimaduras graves, uma vez que propiciam hipotermia (lembrar que o paciente não tem mais o mecanismo primário de controle térmico) e lesão do tecido por frio excessivo. O uso de água corrente para limpeza, todavia, é recomendado. No setor de emergência com todos os equipamentos necessários, inicia-se reposição de fluidos, análise de quaisquer complicações e, dependendo da causa da queimadura, procedimentos cirúrgicos específicos. Uma das técnicas relacionadas ao melhoramento do prognóstico nos últimos anos desses pacientes é a ressecção do tecido queimado. Dessa forma, diminuem as chances de infecção e de necessidade de reconstruir o tecido. Logo após essa medida, é aplicado enxerto sobre a área lesada ou então substitutos dérmicos que criam um ambiente mais favorável ao crescimento de tecido novo. Ambos os processos costumam ser lentos e difíceis, mas apresentam resultados satisfatórios.
fonte: Thermal Burns in Emergency Medicine Treatment & Management, Goodis et al; Bases Patológicas das Doenças, 8ed, Robbins & Cotran