Texto de Lucas Araujo
AMEBÍASE
Amebíase é uma doença infecciosa causada por um parasita chamado Entamoeba histolytica. A doença acomete aproximadamente 1% da população mundial, sendo a grande maioria dessas pessoas de origem muito pobre. A amebíase pode ter resolução simples ou apresentar-se algumas vezes com quadros patológicos graves ou mesmo fatais, sendo uma das principais causas de morte entre as parasitoses humanas no planeta.
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A E. histolytica é um protozoário relativamente simples que muda constantemente sua forma in vivo através da emissão de pseudópodes. Geralmente convive bem com nossa espécie, não causando problemas, mas em determinadas condições ela se torna patogênica, começando a engolir ou fagocitar células do nosso organismo (como as hemácias), ou a invadir órgãos e tecidos, como o fígado ou o intestino. É só então que ela causa a doença. Seu citoplasma é formado pelo ectoplasma (faixa cortical hialina) e pelo endoplasma (massa central granulosa, em que se localiza os vacúolos digestivos e o núcleo). Este protozoário parasita existe sob duas formas: um cisto e um trofozoíto móvel. O trofozoíto, a forma parasitária, vive na parede e na luz do colo, alimentando-se de bactérias ou então da parede do intestino. Tem preferência (mas não necessidade) por ambientes anaeróbicos e reproduz-se por divisão binária. Existe em uma forma pequena (10 a 20 micrômetros) e uma grande (20 a 60 micrômetros). As formas pequenas são encontradas nas fezes não disentéricas. As formas grandes, na doença invasiva. Os trofozoítos morrem fora do corpo e, caso ingeridos, o ácido gástrico os destrói, portanto não transmitem a doença. Os cistos sobrevivem ao secamento, à refrigeração e sob acidez. São mortos por temperatura elevadas e pela hipercloração da água.
O individuo é infectado pelo parasita quando ingere água ou alimentos contaminados com matéria fecal que apresente seus cistos. Portando, uma alta incidência dessa doença reflete condições precárias de saneamento básico e higiene pessoal.
Uma pessoa é infectada ao ingerir o cisto (forma resistente) do parasita através de água ou alimento contaminado. Esse cisto tetranucleado chega ao intestino do hospedeiro e encontra um ambiente anaeróbico e com temperatura ideal para se abrir, liberando jovens amebas. Elas invadem a parede do intestino, começam a se alimentar de células e sangue e se transformam na forma trofoítica. Além disso, elas começam a se multiplicar e inflamar a parede do intestino. Com o tempo, tal inflamação se rompe, liberando sangue junto com novas amebas. Algumas delas reduzem sua atividade e formam novos cistos, que sairão com as fezes, contaminando novas formas de alimento. Além desse ciclo no intestino, o parasita pode invadir a mucosa intestinal, penetrar nos tecidos e colonizá-los. Então o parasita produz formas maiores de trofozoítas e desenvolve um ciclo patogênico no qual se alimenta de hemácias e outras células. Quando está nos tecidos, este parasita não produz cistos. Os ciclos citados (patogênico e no intestino grosso) podem ocorrer ou não simultaneamente. É importante lembrar que a ameba necessita do ciclo no intestino grosso para sobrevivência da espécie, pois é nele que são produzidos os cistos q serão eliminados nas fezes do doente.
A maioria das infecções é controlada pelo sistema imunitário, não havendo geralmente sintomas, mas havendo excreção de cistos infecciosos nas fezes. Caso exista grande numero de parasitas, podem ocorrer extensa inflamação e necrose crônica da mucosa intestinal. Como conseqüência de todo esse processo temos:
- Má absorção dos nutrientes - Diarréia - Febre - Flatulência - Dores intestinais - Vômitos - Náuseas - Anemia (devido a perda de sangue provocada por úlceras)
Se os parasitas se espalharem para outros orgãos, podem causar outros problemas:
- Formação de abscesso no fígado, baço ou cérebro - Tremores - Suores - Dores na região hepática - Hepatomegalia - Cansaço
O parasita também pode acabar perfurando o intestino, fato e pode causar uma peritonite, que requer atenção cirúrgica imediata.
Normalmente o diagnostico do paciente é realizado através de um exame de fezes, mas também é possível observar o interior do reto e colher uma amostra de tecido de qualquer úlcera que se encontre por meio de um aparelho denominado retoscópio. Nas formas mais invasivas, são usadas tomografias, ressonâncias, ecografias, punções dos abscessos ou ate mesmo exames de sangue, onde pode ser detectado anticorpos contra o parasita.
Já que a contaminação se dá por meio oral-fecal, saneamento básico adequadoe fornecimento de água tratada para a população por parte do governo seria um bom começo para que esse problema fosse evitado. No mais, devemos tomar algumas medidas de higiene pessoal, como por exemplo: - Lavar bem as mãos antes e após as refeições - Lavar adequadamente frutas e hortaliças e deixá-las de molho em uma solução de água com água sanitária (1 colher de sopa de água sanitária de boa qualidade para cada litro de água) - Ferver e filtrar águas de poço ou rios antes de bebê-las
Alguns fármacos que podem ser usados contra este protozoário são iodoquinol, a paromomicina e a diloxanida. Para os casos graves e as infecções localizadas fora do intestino administra-se metronidazol ou desidroemetina.É necessário exames posteriores no paciente para que sua cura possa ser asegurada.