Tétano acidental

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Edição feita às 20h51min de 14 de Setembro de 2009 por Thyago2 (Discussão | contribs)

Texto de Thyago Araújo

Tétano Acidental



Constitui uma toxi-infecção marcadamente caracterizada por um distúrbio neurológico – aumento de tônus muscular (poupa mãos e pés) e espasmos – desencadeado a da ação de exotoxinas protéicas produzidas pelo Clostridium tetani, sobretudo a tetanospasmina. Pode-se apresentar nas seguintes apresentações clínicas: generalizada, localizada e neonatal.

Tabela de conteúdo

Etiologia

O agente etiológico corresponde a um bacilo GRAM (+), anaeróbio e esporulado. É encontrado em solo, fezes (de homem e animais), pele, instrumento de trabalho não-esterelizados, pregos enferrujados, etc. Depois de inoculado, caso haja condições ótimas de desenvolvimento – ambiente/ferida de baixo potencial de oxirredução – os esporos germinam e transformam-se em células vegetativas, sendo estas as verdadeiras responsáveis pela doença. O intervalo do inoculo ao surgimento das células vegetativas coincide com o período de incubação da doença, que varia de 3 a 21 dias, sendo uma média de 10 o que se observa geralmente.

Epidemiologia

A população acometida pelo tétano compreende basicamente os indivíduos não-imunizados e os parcialmente imunizados – participando deste grupo tanto pessoas que têm o calendário vacinal incompleto tanto quanto os que completaram o calendário, porém não receberam o reforço no período recomendado.

A doença é mais associada a ambientes rurais e periurbanos, de clima quente, principalmente a indivíduos jovens do sexo masculino. Ocorre após inoculação do esporo em mucosas ou ferimentos agudos - punção, laceração ou abrasão – os quais são geralmente triviais. Pode ser também implicada como complicação de condições crônicas, como úlceras, abcessos, gangrena, queimaduras, infecções otológicas, cirurgias e uso continuado de drogas subcutâneas. Por vezes não é possível se identificar qualquer porta de entrada.

Vale ressaltar também que, embora bastante comum contaminação de feridas com esporos, a germinação só ocorre na presença de baixo potencial de oxirredução, característica de tecidos desvitalizados, envolvimento de corpos estranhos ou sítios de infecção ativa.

Patogenia

Depois de liberada no ferimento, a toxina produzida pelo C. tetani se liga a terminações nervosas motoras periféricas do tipo ‘α’, havendo transporte até o corpo celular do neurônio no tronco cerebral ou medula espinhal: transporte intraneural retrógrado. Daí, a tetanospasmina migra até a membrana pré-sináptica, bloqueando a liberação de neurotransmissores inibitórios, como a GLICINA e o GABA. Geralmente, ocorre: • maior freqüência de disparo neuronal (rigidez); • redução dos reflexos: menor difusão polissináptica dos impulsos – função glicinérgica – e recrutamento simultâneo de músculos agonistas e antagonistas (espasmo); • bloqueio a nível de placa motora: paresia/paralisia; • disfunção autonômica (fenômeno de patogenia ainda pouco compreendida).*

Apresentação Clínica

Os nervos curtos são afetados antes dos longos, por esta razão a sequência natural dos grupos musculares acometidos é cabeça -> tronco -> membros. Então, mais especificamente, no tétano generalizado: 1º ↑ tônus dos masseteres – TRISMO 2º disfagia, rigidez/dor cervivcal 3º abdome rígido, acometimento dos músculos proximais dos membros Os espasmos tetânicos são generalizados, paroxísticos, violentos, dolorosos (cianose/distúrbio ventilatório), repetitivos, espontâneos ou secundários a estímulos discretos (luminosos, sonoros ou táteis).

Classificação

Os casos de tétano podem ser estratificados a partir da severidade da apresentação clínica: - LEVE: rigidez muscular; poucos ou nenhum espasmo; - MODERADO: trismo, disfagia, rigidez, espasmos; GRAVE: paroxismos explosivos freqüentes. Além da varidade de apresentações clínicas já mencionadas, a doença pode cursar com complicações: pneumonia, fraturas, ruptura muscular/rabdomiólise, TVP, TEP, úlceras de decúbito.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico-epidemiológico, não dependendo de qualquer método laboratorial para confirmação. Torna-se improvável na vigência de uma história vacinal atualizada. O diferencial se faz com abcesso alveolar, intoxicação por estricnina, hipocalcemia, meningoencefalite, raiva, abdome agudo, histeria, reações a drogas como fenotiazida e metoclopramida (Plasil ®).


Características clínicas do tétano febre baixa/ausente disfagia trismo/riso sardônico rigidez nucal opistótono abdome em tábua acentuação dos sulcos da face pregueamento frontal diminuição da fenda palpebral insuf. respirória lucidez hiperrflexia crises contraturais bexiga neurogênica

Tratamento

Para se tratar o tétano, alguns objetivos precisam ser alcançados: 1º neutralização da toxina circulante 2º eliminação das células vegetativas produtoras de toxinas 3º suporte clínico e prevenção de complicações

O paciente requer internamento, desbridamento de feridas, proteção de vias aéreas. O antibiótico empregado é a penicilina G cristalina (10 a 12 milhões de unidades por dia IV), sendo o metronidazol considerado droga alternativa.

OBS.: atualmente no Hospital São José – referência de diagnóstico e tratamento de doenças infecciosas no Ceará – considera o metronidazol a droga de escolha.

A antitoxina é de preferência a IGHAT 1000 a 3000 UI IM, sendo o SAT alternativa viável (10.000-20.000 UI IM ou IV). As medidas coadjuvantes compreendem sedação (diazepam), controle do hiperadrenergismo (propranolol, atenolol), dieta hipercalórica/protéica, profilaxia antitrombótica, redução da manipulação/estímulos do paciente, monitorização geral.

Fatores Prognósticos

Os pacientes em extremos de idade, um curto período de incubação e um curto intervalo entre o primeiro sintoma e o primeiro espasmo constituem indícios de mau progóstico.

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