Tumores do Sistema Nervoso Central

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Texto escrito por Paulo Marcelo P. Gomes de Matos



A incidência anual de tumores do SNC varia de 10-17 por 100.000 pessoas para os tumores intracranianos e de 1-2 por 100.000 pessoas para os tumores intraespinais. Aproximadamente 50 - 75% são tumores primários (que se originam diretamente no SNC), sendo o restante constituído por metástases corporais. Os tumores do SNC são muito prevalentes na infância, correspondendo a 20% dos tumores desse grupo.

Os patologistas elaboraram esquemas de classificação que distinguem entre as lesões benignas e malignas de acordo com a histologia. A OMS separa os tumores de acordo com seu comportamento biológico em um de quatro graus (I-IV), sendo o primeiro grau um tumor benigno e o último um tumor altamente maligno. Lesões de diferentes graus recebem nomes diferentes. Quando os tumores recorrem, eles frequentemente apresentam uma progressão para um grau histológico superior.

O curso clínico da doença, no entanto, também é muito influenciado por características relativamente próprias de tumores encefálicos. Como o SNC possui uma grande capacidade adaptativa, tumores de baixo grau podem crescer muito e se infiltrar em extensas regiões do cérebro até o surgimento dos sintomas, implicando em um mau prognóstico e déficits clínicos severos. Qualquer neoplasia pode ter conseqüência fatal se estiver localizada em uma região crítica!

Os gliomas compõem o grupo mais comum de tumores encefálicos primários. Eles incluem os astrocitomas, os oligodendrogliomas e os ependimomas. Os meningiomas são os tumores não-gliais mais comuns e em geral são benignos.

Os meningiomas geralmente encontram-se ligados à dura-máter. Eles podem ser encontrados ao longo de qualquer superfície externa do encéfalo, assim como no sistema ventricular, onde se originam do estroma das células da aracnóide do plexo coróide. O fator de risco principal para o desenvolvimento de meningiomas é a realização prévia de radioterapia, habitualmente décadas antes.

Os meningiomas são em geral massas arredondadas com uma base dural bem definida que comprime o encéfalo subjacente, mas são facilmente separados dele. Pode ocorrer extensão para a tábua óssea. Não há evidência macroscópica de necrose ou hemorragia extensa.

Vários padrões histológicos podem ser observados, sem que haja significado prognóstico. Entre eles temos: o sincicial (aglomerados espiralados de células que se dispõe em grupos compactos, sem membranas visíveis), o fibroblástico (com células alongadas entremeadas por abundante deposição de colágeno), o transicional (com partilha características dos dois anteriores), o psamomatoso (com corpúsculos psamomatosos, formados pela calcificação das ilhas sinciciais de células meningotelias), o secretório (com gotículas citoplasmáticas PAS- positivas) e os microcísticos (com aspecto frouxo e esponjoso).

Os meningiomas são tumores de crescimento lento (grau I) que se apresentam tanto com sintomas vagos não localizáveis, como com achados focais decorrentes da compressão de estruturas subjacentes do encéfalo. As lesões são em geral solitárias, mas quando presentes em muitos locais, especialmente em associação com neurinomas acústicos ou tumores gliais, deve-se considerar a possibilidade de Neurofibromatose-2.

Um fato curioso é que os meningiomas com freqüência apresentam receptores de progesterona e podem crescer mais rapidamente em mulheres grávidas ou sob uso de medicamentos que contenham análogos desse hormônio, tais como anticoncepcionais.


Referências bibliográficas

Robbins e Cotran, Patologia: Bases Patológicas das Doenças

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