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Quando o paciente apresenta poucos cisticercos no cérebro e estes estão em localizações favoráveis, pode-se realizar uma cirurgia para a retirada dos mesmos. No olho, a cirurgia não oferece dificuldades quando o parasita se localiza na câmara anterior, em situação subconjuntival ou subcutânea. No tratamento farmacológico são usados praziquantel (contra-indicado na oftalmocisticercose) e albendazol. O paciente deve ser tratado durante 15 dias, em uma enfermaria sob supervisão e até alguns dias após o término do tratamento. | Quando o paciente apresenta poucos cisticercos no cérebro e estes estão em localizações favoráveis, pode-se realizar uma cirurgia para a retirada dos mesmos. No olho, a cirurgia não oferece dificuldades quando o parasita se localiza na câmara anterior, em situação subconjuntival ou subcutânea. No tratamento farmacológico são usados praziquantel (contra-indicado na oftalmocisticercose) e albendazol. O paciente deve ser tratado durante 15 dias, em uma enfermaria sob supervisão e até alguns dias após o término do tratamento. | ||
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+ | Bases da Parasitologia Médica - Rey - 3ª. Edição - Guanabara Koogan | ||
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+ | Medicina Interna - Harrison - 17ª. Edição - McGrawHill |
Texto de Lucas Araujo
CISTICERCOSE HUMANA
A cisticecose humana é uma doença causada pelas formas larvárias da Taenia ao parasitarem os tecidos humanos. Essas formas são denominadas de cisticercos, de onde origina-se o nome da doença. Essa infecção pode apresentar caráter crônico grave, como por exemplo, quando o parasita invade o sistema nervoso central e globo ocular. Apresenta evolução variável, podendo permanecer latente durante toda a vida do paciente ou rapidamente levá-lo a óbito (principalmente quando não tratada).
Tabela de conteúdo |
O ovo com uma espessa casca (embrióforo) contem um embrião (chamado hexacanto ou oncosfera) que apresenta 3 pares de acúleos .Para que possa ocorre a infecção com sucesso é necessário que o ovo passe pelo estômago e duodeno, pois desse modo podem atuar sobre ele os estímulos que são indispensáveis à eclosão da oncosfera (ação dos sucos digestivos e bile). Quando o parasita consegue com sucesso ultrapassar as barreiras de defesa do organismo ele perde os pares de acúleos, cresce, seu centro sofre vacuolização (contendo um liquído claro) e forma-se uma invaginação em um ponto de sua superfície em direção a massa liquida (receptaculum capitis). Dela surgirá o escólex da futura tênia, com 4 ventosas e 2 coroas de acúleos. Dependendo de onde ocorra a instalação do parasita a estrutura resultante apresenta uma determinada forma: alongada nos músculos (onde podem provocam dore câimbras), redondas no humor vítreo, etc.
Podem ser diferenciados três tipos de infecção:
- Heteroinfecção
É a mais comum. Decorre da ingestão acidental dos ovos do parasito através de água ou alimentos contaminados.
- Auto-infecção externa
Ingestão de ovos por um indivíduo que já é portador de tênia. Geralmente por maus hábitos de higiene.
- Auto-infecção interna
Causada por movimentos antiperistálticos ou vômitos. Nessas condições pode ocorrer a chamada ladraria humana, com numerosos cistos disseminados por diversas partes do organismo.
Quando o parasita alcança seu ponto de fixação, ele pode agir patologicamente de duas maneiras principais:
- Compressão mecânica e deslocamento de tecidos ou estruturas. - Processo inflamatório que envolve o parasita (crônico, com numerosos linfócitos e plasmócitos).
A presença do parasito no SNC promove uma ação inflamatória por parte do hospedeiro. Quando da morte da larva, essa reação se exacerba e tende até a formação de granulmas. O paciente pode apresentar diversas formas dessa doença:
- Formas convulsivas
Convulsões podem ser localizadas, generalizadas ou alternadas. Podem ou não serem precedidas de aura. Um fato importante para o diagnóstico diferencial é que essas convulsões não são acompanhadas de perda de consciência ou esta se manifesta tardiamente. Outros distúrbios neurológicos passageiros que podem ocorrer são: paralisia, paresia, afasiae alterações de sensibilidade.
- Formas hipertensivas e pseudotumorais
Representados pelos casos com hipertensão intracranianae com sintomas neuropsiquiátricos focais. Os sinais clássicos são: cefaléia intensa, constante e com paroxismos consequentes a esforços físicos ; vômitos do tipo cerebral (sem sinais podrômicos e em jato) e edema de papila (que pode complicar com cegueira). Outros sintomas encontrados podem ser bradicardia, vertigens, distúrbios respiratórios e sonolência e distúrbios psíquicos, como apatia, indiferença, torpor ou agitação.
- Formas psíquicas
As pertubações mentais dominam o quadro ou são as únicas a se manifestarem.
Quando o cisto se desenvolve, ele passa a necessitar de mais espaço. Isso pode causar deslocamento ou perfuração da retina. Ocorrem inflamações como a irite uveíte, etc. Catarata pode ser uma complicação, apesar de o parasita não se localizar no cristalino. Quando o parasita se aloja na câmara anterior do olho, logo chama a atenção do paciente. No seguimento posterior, os sintomas são mais discretos. A ausência de dor faz o paciente só procurar auxílio médico quando já apresenta a visão central ou periférica está prejudicada ou com complicações mais sérias. As localizações orbitárias podem causar miose com ptose, exoftalmia e desvio do globo ocular.
O diagnóstico clínico sem o laboratorial é praticamente impossível. É importante a solicitação de exames de fezes (localizar ovos de tênia), exame do LCR (límpido, incolor, com pressão alta ou normal, hipercitose moderada, aumento das taxas de proteínas, fixação do complemento para cisticercose positiva), testes imunológicos, exames radiológicos (imagem das lesões ou nódulos calcificados) e anatomopatológicos.
Quando o paciente apresenta poucos cisticercos no cérebro e estes estão em localizações favoráveis, pode-se realizar uma cirurgia para a retirada dos mesmos. No olho, a cirurgia não oferece dificuldades quando o parasita se localiza na câmara anterior, em situação subconjuntival ou subcutânea. No tratamento farmacológico são usados praziquantel (contra-indicado na oftalmocisticercose) e albendazol. O paciente deve ser tratado durante 15 dias, em uma enfermaria sob supervisão e até alguns dias após o término do tratamento.
Bases da Parasitologia Médica - Rey - 3ª. Edição - Guanabara Koogan
Medicina Interna - Harrison - 17ª. Edição - McGrawHill