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'''Influenza H1N1''' ou '''Gripe Suína''' (termo desestimulado pela Organização Mundial de Saúde - OMS - constitui uma doença respiratória aguda suína altamente contagiosa, causada por um dos diversos vírus da influenza suína A. Morbidade tende a ser alta, enquanto a mortalidade baixa (1-4%). O vírus se dissemina entre porcos por aerossóis, bem como por contato direto/indireto, havendo ainda portadores suínos assintomáticos. Surtos nos rebanhos ocorrem eventualmente, sobretudo no outono e inverno de regiões temperadas. | '''Influenza H1N1''' ou '''Gripe Suína''' (termo desestimulado pela Organização Mundial de Saúde - OMS - constitui uma doença respiratória aguda suína altamente contagiosa, causada por um dos diversos vírus da influenza suína A. Morbidade tende a ser alta, enquanto a mortalidade baixa (1-4%). O vírus se dissemina entre porcos por aerossóis, bem como por contato direto/indireto, havendo ainda portadores suínos assintomáticos. Surtos nos rebanhos ocorrem eventualmente, sobretudo no outono e inverno de regiões temperadas. |
Texto de Thyago Araújo
Influenza H1N1 ou Gripe Suína (termo desestimulado pela Organização Mundial de Saúde - OMS - constitui uma doença respiratória aguda suína altamente contagiosa, causada por um dos diversos vírus da influenza suína A. Morbidade tende a ser alta, enquanto a mortalidade baixa (1-4%). O vírus se dissemina entre porcos por aerossóis, bem como por contato direto/indireto, havendo ainda portadores suínos assintomáticos. Surtos nos rebanhos ocorrem eventualmente, sobretudo no outono e inverno de regiões temperadas.
Os vírus da influenza suína são mais comumente do subtipo H1N1, muito embora outros subtipos também circulem em porcos, como o H1N2, H3N1 e H3N2. Também se registra a infecção suína por vírus da influenza aviária e da humana. Algumas vezes, a co-infecção por mais de um tipo viral pode ocorrer, o que permite os genes dessas cepas se recombinarem entre si. O vírus da influenza A (H1N1) nunca havia sido previamente identificado na América do Norte. Acredita-se que tenha sido recombinado em porcos, tratando-se, pois, se uma seqüência genética ainda não conhecida.
Apesar dos vírus da influenza suína serem normalmente espécie-específicos e, conseqüentemente, infectarem apenas porcos, podem-se sobrepor à barreira das espécies e causar doença em humanos. Historicamente, surtos e casos isolados em humanos já foram registrados, porém nunca o problema chamou tamanha da OMS e da vigilância epidemiológica mundial, como vem ocorrendo desde abril de 2009. Estamos diante de um alerta de pandemia grau 5, que possivelmente se tornará, grau 6 (em uma escala de 1-6 da OMS), conforme comunicou Margaret Chan – diretora Geral da OMS. No último mês, casos humanos de influenza suína A (H1N1) em já foram notificados inicialmente no México e nos EUA (Califórnia e Texas). Posteriormente outros confirmaram casos: Canadá, Espanha, Áustria, Israel e Nova Zelândia. Em 28/4/2009, o Ministério da Saúde emitiu nota segundo a qual não há evidência da circulação do vírus da influenza suína A (H1N1) no Brasil, nem em humanos nem em animais.
Clinicamente, a Influenza suína se caracteriza por febre alta repentina (> 38º C) e síndrome respiratória gripal – tosse, angina, rinorréia, fadiga, artralgia, cefaléia, mialgia e, em alguns casos, vômitos e diarréia. Casos de doença respiratória severa, incluindo evolução a óbito, foram relatados no México. Deve ser considerada a potencial descompensação de condições clínicas subjacentes, como asma, DPOC, cardiopatia, diabetes, artrite reumatóide, dentre outros. Pode haver complicações, a exemplo de pneumonia, desidratação, miocardite, pericardite, miosite, rabdomiólise, encefalite, convulsões, infecções bacterianas secundárias e sepse.
O contágio se dá através de gotículas respiratórias produzidos por tosse, espirro ou mesmo através de fômites contaminados. Ainda é desconhecida a participação da via ocular, conjuntival e gastrintestinal no processo. De todo modo, toda secreção respiratória e fluidos corporais (ex. diarréia) são considerados potencialmente infecciosos. O consumo de carne de porco ou derivados não transmite a doença, sobretudo sem devidamente preparados, uma vez que o vírus não resiste a temperaturas superiores a 70º C.
Ainda permanece desconhecido o período de transmissão da doença. Hoje especialistas crêem que ele compreende desde um dia antes do início dos sintomas até sete dias após. Pessoas que permanecem doentes após esse período devem ser consideradas potencialmente contagiosas até a resolução dos sintomas. Crianças, sobretudo as pequenas, enquadram-se nesse grupo. A duração do quadro clínico deve variar segundo a cepa viral envolvida, da presença de condições clínicas subjacentes potencialmente complicadoras e da resposta individual do hospedeiro diante da infecção viral.
Tabela de conteúdo |
Síndrome respiratória febril aguda com confirmação laboratorial (cultura viral ou PCR-RT em tempo real)
Síndrome respiratória febril aguda, sendo ainda
Síndrome respiratória febril aguda com início
Síndrome respiratória aguda - início recente de pelo menos dois dos seguintes achados:
ATENÇÃO
Resistente a antivirais adamantina: amantadina e rimantidina Sensível a antivirais inibidores da neuraminidase: zanamivir e oseltamivir
OBS.: vírus da influenza A e B sazonal continuam a circular nos EUA e no México. O vírus da influenza humana A (H1N1) é resistente a oseltamivir e sensível aos demais supracitados. O vírus da influenza humana A (H3N2) é resistente a antivirais adamantina e sensível aos inibidores da neuraminidase. Desse modo, em tempos de recomendação ao tratamento da infecção por influenza suína A, deve-se levar em consideração a possibilidade da infecção por vírus da influenza humana e suas diferentes suceptibilidades aos antivirais.
O tratamento antiviral empírico é recomendado a qualquer caso suspeito de influenza suína A (H1N1). O emprego de zanamivir isoladamente ou em associação com oseltamivir e amantadina ou rimantadina deve ser iniciado o quanto antes, logo após o início dos sintomas. Duração do tratamento: cinco dias.
Para a quimioprofilaxia antiviral, pode ser empregado tanto o oseltamivir quanto o zanamivir, durante sete dias, após a exposição a um caso confirmado de influenza suína A (H1N1). De antemão, a profilaxia (pré e pós-exposição) está indicada nos seguintes casos:
Protocolos e doses para a profilaxia estão disponíveis em http://www.cdc.gov/flu/professionals/antivirals/dosagetable.htm#table.
Na avaliação clínica de pacientes com suspeita/probabilidade de infecção por Influenza suína, deve-se ressaltar a existência de grupos de risco, constituído de pacientes com maior chance de apresentações clínicas mais severas, bem como de complicações:
São situações que requerem a procura de um serviço médico de emergência:
No Ceará, ficou definido que o Hospital São José de Doenças Infecciosas é a referência estadual para atendimento a pacientes suspeitos de contaminação pelo vírus A-H1N1 (influenza suína). Caso seja necessária a internação, a referência é o Hospital Universitário Walter Cantídio. A coleta de amostras de swab combinado (orofaringe e nasal) continua sendo realizada nas unidades de referência (Hospital Infantil Albert Sabin e Unidade de Saúde Irmã Ercília).
Bibliografia
Interim Guidance for Infection Control for Care of Patients with Confirmed or Suspected Swine Influenza A (H1N1) Virus Infection in a Healthcare Setting; CDC www.cdc.gov.
Interim Guidance on Antiviral Recommendations for Patients with Confirmed or Suspected Swine Influenza A (H1N1) Virus Infection and Close Contacts; CDC www.cdc.gov.
Nota técnica sobre Influenza Suína, Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde – CIEVS/CE, NUVEP/COPROM/SESA, Governo do Estado do Ceará (28/4/2009).
Influenza Suína, seminário de atualização da CCIH do Hospital Universitário Walter Cantídio aos seus profissionais de saúde (abril/2009).
Swine influenza frequently asked questions, World Health Organization (25/4/2009).