Terapia Comunitária

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Texto de Caio Mayrink

TERAPIA COMUNITÁRIA


Tabela de conteúdo

Introdução

Terapia Comunitária (TC) é uma abordagem em grupo em que ocorre partilha de experiências pessoais na busca de transformar o sofrimento individual em crescimento pessoal, através do intercâmbio de vivências entre indivíduos de uma comunidade. A Terapia Comunitária é um espaço de convivência social, onde, ao mesmo passo que há a procura de apoio, o indivíduo tem a oportunidade de apoiar outrem que compartilhe do seu sofrimento. Muitas vezes, uma pessoa pode ajudar outra pelo simples fato de já haver passado por uma situação semelhante.


Terapeuta Comunitário

A TC tem como mediador dessa interação social, como catalisador, o terapeuta comunitário. Ele não precisa necessariamente ter formação especializada; deve ser uma pessoa de notável sensibilidade, de boa articulação com a comunidade. Ele não deve imprimir diagnósticos, ou opiniões, ou incitar o constrangimento daqueles que estão em terapia. O seu trabalho é facilitar a relação entre os indivíduos da roda. Deve-se encorajar que todos expressem suas emoções, que relatem suas experiências, pois é nessa troca que consiste o aspecto benéfico da TC.


Métodos e Objetivos

Tratando-se de uma comunidade, é objetivado o estabelecimento de laços entre as pessoas, na busca de uma identidade cultural. É importante que vejam que não estão sozinhos com seus problemas. Muitas vezes seus problemas são fruto de uma estrutura maior, englobando todos da comunidade.

São regras da terapia comunitária: fazer silêncio; não dar conselhos; não julgar; falar sempre de si; propor, sempre que cabível, músicas, poemas e anedotas que se relacionem com o assunto relatado. É importante chamar atenção para a forma como a terapia se desenvolve; podem ser levantados questionamentos, mas nunca conselhos. O que pode acontecer é o relato de caso pessoal semelhante, incluindo-se aqui a forma como a pessoa lidou com o problema.


Terapia Comunitária e a Promoção de Saúde

O modelo biomédico de saúde insiste ainda em separar aquilo que se convém chamar de corpo daquilo que se chama de mente; entretanto, tomando como base o modelo biopsicossocial, ou ainda o biopsicossocial-espiritual, é impossível haver separação em qualquer nível daquilo que compreende a saúde humana. O sofrimento psicológico interfere de forma evidente no sistema somático. Por exemplo, um indivíduo que está frequentemente exposto ao estresse, pode desenvolver hipertensão arterial sistêmica. Tomando tal exemplo grosseiro como ilustração do efeito da terapia comunitária na saúde, torna-se evidente a importância de se trabalhar as emoções de uma comunidade doente. Sim, doente. Como diria o povo, “quando a boca cala, o corpo fala”. O corpo fala na forma de dor, de insônia, de ansiedade, etc. Tendo isso em vista, a TC tem sim seu valor no que diz respeito ao cuidado da saúde comunitária.


O Médico e Comunidade

Quando se pensa em saúde comunitária, temos como o ideal a inserção do profissional médico na realidade da comunidade, de forma que diminua a discrepância entre o saber científico e o saber popular, de forma que o profissional tome conhecimento das dificuldades enfrentadas pela comunidade. O diagnóstico de saúde pública pode ser dado a partir de problemas colocados na roda da terapia comunitária. A falta de medicamentos nos postos de saúde pode ser motivo de aflição para as pessoas; a violência urbana é muitas vezes a causa de insatisfação da população. Tudo é fruto da realidade social, da complexa problemática em que a comunidade está imersa.

A participação do médico, como profissional, na terapia da comunidade, seria de grande proveito. Os mesmos laços estabelecidos entre os moradores seriam estabelecidos com os profissionais. Há de convir que o laço de confiança é fundamental para a relação médico-paciente, a fim de incrementar a procura da população ao serviço de saúde, de melhorar a adesão ao tratamento proposto, etc.



Fonte: BARRETO, A. de P. Terapia Comunitária: passo a passo. – 4. Ed. Revista e ampliada. – Fortaleza: Gráfica LCR, 2008.

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