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Com o aparecimento de cepas resistentes, as quinolonas e as cefalosporinas de 3ª geração vem ganhando cada vez mais relevância no tratamento da febre tifóide. | Com o aparecimento de cepas resistentes, as quinolonas e as cefalosporinas de 3ª geração vem ganhando cada vez mais relevância no tratamento da febre tifóide. | ||
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+ | *Fontes bibliográficas: | ||
+ | - HARRISON – Medicina Interna 17ª edição: 2006 |
Danni Wanderson Nobre Chagas
Febre Tifóide
A febre tifóide é uma doença bacteriana aguda de distribuição mundial e associada a condições precárias de saneamento.
Tabela de conteúdo |
O vilão desta doença é um bastonetes gram-negativo do gênero Salmonella do sorotipo Typhi. Na classificação atual, o gênero Salmonella possui uma única espécie (Salmonella choleraesuis) com diversos sorotipos.
A febre tifóide constitui um problema de saúde publica e está claramente relacionada a baixos níveis sócio-econômicos, situação precária de saneamento básico, higiene pessoal e ambiental, condições encontradas especialmente em países subdesenvolvidos.
A Índia é o país com a maioria dos casos e no Brasil os casos se concentram nos estados mais pobres do norte e nordeste do país.
A transmissão é do tipo fecal-oral e ocorre por contato direto (mão-boca) com partes contaminadas do doente ou portador, ou indireta, com alimentos e, principalmente, fontes híbridas contaminadas com fezes ou urina do doente ou portadores, daí a importância das condições de saneamento básico no desenvolvimento dessa doença.
O período de incubação varia de uma a três semanas.
A doença é suspeitada quando um indivíduo associa um quadro de febre inexplicada há uma ou duas semanas associada a uma história epidemiológica compatível com a aquisição da doença.
Na primeira semana, observamos o surgimento de febre inicialmente moderada que evolui progressivamente podendo atingir temperaturas de 39 - 40 °C já no terceiro dia. Uma característica importante desse período é que em cerca de 20% dos casos podemos observar a dissociação pulso-temperatura (sinal de Faget). O indivíduo pode apresentar ainda cefaléias, mialgias, astenia, anorexia entre outras coisas.
A segunda e terceira semanas são marcadas pela acentuação da cefaléa, várias alterações neuropsiquiátricas e a presença de sinais de desidratação como pele seca e olhos fundos e inexpressivos.
Na quarta semana o indivíduo começa a melhorar, apresentando diminuição da febre em lise e melhora progressiva dos sintomas. Vale lembrar que nas crianças o quadro clínico é mais benigno que nos adultos.
A apresentação da febre tifóide é bastante inespecífica e apresenta uma série de diferenciais. Um quadro de febre de início insidioso, persistente e sem sinais de localização deve chamar nossa atenção para esse diagnóstico.
Os exames laboratoriais visam isolar e identificar a salmonella typhi. Para isso os exames mais utilizados são a hemocultura, a colprocultura, a mielocultura e a urinocultura.
A hemocultura é o principal exame para o diagnóstico estando mais indicado nas primeiras duas semanas.
A coprocultura é um exame importante principalmente para o controle de cura. Esse é o único exame que identifica o estado de portador, tendo importância epidemiológica.
A mielocultura é o exame mais sensível e permite o diagnóstico mesmo em indivíduos que usaram substâncias antimicrobianas.
A urinocultura apresenta positividade máxima a partir da terceira semana.
O tratamento deve ser feito idealmente em caráter ambulatorial através de monoterapia antibiótica.
A droga de escolha (em cepas sensíveis) é o cloranfenicoal administrado por via oral na dose de 50mg/kg/dia, 4 vezes por dia. O tratamento deve ser mantido por 15 dias após o último dia de febre, perfazendo um máximo de 21 dias. É importante lembrar que essa droga apresenta elevada toxicidade medular.
O sulfametoxazol-trimetoprim e as aminopenicilinas também podem ser usadas no tratamento da febre tifóide, essas últimas ainda apresentam a vantagem de atingir maiores concentrações nas vias biliares, reduzindo o percentual de recaídas e evitando o estado de portador crônico assintomático.
Com o aparecimento de cepas resistentes, as quinolonas e as cefalosporinas de 3ª geração vem ganhando cada vez mais relevância no tratamento da febre tifóide.
- HARRISON – Medicina Interna 17ª edição: 2006