Doença de Gaucher

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(doença de gaucher, judeus ashkenazi, genética, depósito lisossômico, glicocerebrosídeos)
 
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'''DOENÇA DE GAUCHER'''
'''DOENÇA DE GAUCHER'''

Edição atual tal como 01h00min de 7 de Junho de 2011

texto de Diego Ortega dos Santos

DOENÇA DE GAUCHER


A doença de Gaucher, descrita primeiramente por Philippe Ernest Gaucher em 1882, é a doença de depósito lisossômico mais comum, de fundo genético bem determinado. Ainda que rara, toma considerável importância em determinadas etnias e regiões.

Patogenia

Trata-se de um distúrbio autossômico recessivo que pode ser originado por de mais de 150 mutações alélicas diferentes no cromossomo 1, não sendo, portanto, possível a utilização do teste genético para fins diagnóstiscos. A doença de Gaucher se refere a um grupo de doenças resultantes de mutações no gene que codifica a glicorebrosidase ou beta-glicosidase, enzima responsável pela degradação dos glicocerebrosídeos. Os glicocerebrosídeos se formam continuamente a partir do catabolismo de glicolipídios derivados principalmente das membranas celulares de leucócitos senescentes e eritrócitos. As células fagocíticas distendidas, devido ao grande acúmulo de glicocerebrosídeos nos lisossomos, são chamadas de células de Gaucher. Ao contrário do que acontece nas outras doenças de armazenamento lisossômico, as células de Gaucher raramente aparecem vacuolizadas. Elas possuem um diâmetro maior que as células normais, como se estivessem inchadas, e apresentam núcleo mais escurecido, lembrando “papel amassado”.

Tipos

  • Tipo I: também chamado de forma não-neuropática, corresponde a 99% dos casos registrados. Nele o armazenamento de glicocerebrosídeos limita-se às céluas do sistema fagocítico mononuclear, as quais são especialmente ricas em lisossomos, havendo, então, um certo grau de atividade enzimática. Os órgãos afetados são fígado, baço, pulmão e medula óssea, levando a um quadro de hepatoesplenomegalia, dor óssea, necrose óssea, fratura patológica, anemia, leucopenia e trombocitopenia. Um dado curioso é o que o baço dos indivíduos afetados pode chegar a pesar até 10kg. Ela pode se manifestar tanto na vida adulta quanto na infância. A expectativa de vida é encurtada, mas não severamente. Na população normal, a incidência da doença é de 1 em cada 10000 nascimentos vivos. Nos judeus Ashkenazi, etnia proveniente do Leste Europeu e da Alemanha, essa proporção é de 1 em cada 450, além de haver heterozigose em pelo menos 1 em cada 12 indivíduos
  • Tipo II: equivalente à forma neuropática aguda, promove sérios danos cerebrais. Em geral essa forma se apresenta ainda na infância, em torno dos primeiros 3 a 6 meses de vida e é fatal. Órgãos como o baço e o fígado também são afetados, no entanto, predomina a disfunção do sistema nervoso central, as convulsões e a deterioração mental progressiva. Nestes pacientes não é possível detectar nenhum nível de atividade da glicocerebrosidase.
  • Tipo III: trata-se de um intermediário entre os outros dois. Os portadores desse tipo possuem o envolvimento sistêmico característico do tipo I, mas também possuem a doença progressiva do sistema nervoso central, embora em um grau menor que o tipo II. O Gaucher tipo III manifesta-se, geralmente, na adolescência

Tratamento

O tratamento para a doença de Gaucher consiste na reposição enzimática, possibilitando a pacientes portadores do tipo I da doença uma expectativa de vida normal. Essa terapia é extremamente cara. No Brasil, todavia, a Sociedade do Gaucher pressionou o governo e agora o SUS cobre os custos da reposição enzimática, que nos EUA podem chegar a 200 mil doláres anuais. No caso do tipo I pode também ser tentado um transplante de medula óssea.


fonte: Bases Patológicas das Doenças, 8ed, Robbins & Cotran; www.doençadegaucher.com.br

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