Criptococose

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Edição de 03h14min de 21 de fevereiro de 2011

Texto de Everton Rodrigues

Criptococose


É uma micose sistêmica que apresenta dois padrões gerais de manifestação: criptococose pulmonar, sem evidência de disseminação extrapulmonar; e criptococose extrapulmonar (sistêmica), como ou sem meningoencefalite.

Tabela de conteúdo

Etiologia

O agente etiológico é o Criptococcus neoformans, um fungo leveduriforme encapsulado encontrado em locais criadouros de pombos e em folhas de árvores (eucaliptos). As cepas criptocócicas são diversas tanto no aspecto antigênico quanto no genético. O Criptococcus neoformans, variação neoformans sorotipo A, é responsável por mais de 90% das infecções nos pacientes com AIDS no Brasil, enquanto a variedade gatti acomete, principalmente, indivíduos sem imunossupressão aparente.

Epidemiologia

Doença cosmopolita, de ocorrência esporádica. Geralmente, acomete adultos e é duas vezes mais freqüente no sexo masculino. A infecção pode ocorrer em animais (gatos, cavalos, vacas). A suscetibilidade é geral, mas parece que a raça humana apresenta uma notável resistência. A suscetibilidade aumenta com o uso prolongado de corticosteróide, na vigência de AIDS, Hodgkin e sarcoidose.

Modo de transmissão

A infecção criptocócica é transmitida através da inalação de partículas infecciosas aerossolizadas (via inalatória). Não há transmissão inter-humana, nem de animais para o homem.

Período de incubação

Desconhecido. O comprometimento pulmonar pode anteceder, em anos, ao acometimento cerebral.

Maniefestações clínicas

A infecção por C. neoformans pode afetar qualquer tecido ou órgão, mas a maioria dos casos que chegam aos clínicos envolve o SNC e/ou os pulmões. O acometimento do SNC em geral manifesta-se por sinais e sintomas de meningite crônica, como cefaléia, febre, letargia, déficits sensoriais e de memória, paresia de nervo craniano, déficits visuais e meningismo. A meningite criptocócica difere da bacteriana pelo fato de que muitos pacientes infectados por criptococos apresentam sintomas há várias semanas,e além disso os sinais de irritação meníngea podem estar ausentes na meningite criptocócica.

A criptococose pulmonar em geral manifesta-se por tosse com expectoração e dor torácica. Pacientes infectados pelo C. gattii podem apresentar massas pulmonares granulomatosas denominadas criptococomas. Ocorre febre em uma minoria dos casos. A criptococose pulmonar costuma estar associada a doenças prévias, como malignidades, diabetes, tuberculose.

Lesões cutâneas são comuns em pacientes com criptococose disseminada e podem ser altamente variáveis, incluindo pápulas, placas, púrpuras, vesículas. Nos pacientes com AIDS e nos submetidos a transplante de órgão sólido, as lesões da criptococose cutânea em geral são semelhantes às do molusco contagioso.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico e laboratorial e a confirmação é feita com a visualização do criptococo pelo uso de “tinta da China” (nankin), que torna visíveis formas encapsuladas e em gemulação em materiais clínicos. Essa técnica é a consagrada para o diagnóstico das meningites criptocócicas (exame do LCR). Pode-se isolar o criptococo, também, na urina ou no pus, em meio de ágar-Sabouraud. A sorologia, no LCR e no soro, e a histopatologia podem ser úteis.

Diagnóstico diferencial

Tuberculose, toxoplasmose, sífilis, meningoencefalites, histoplasmose, sarcoidose e linfomas.

Tratamento

A escolha da droga vai depender da forma clínica. Na Criptococose disseminada, o esquema terapêutico de primeira escolha é Anfotericina B, na dose de 1,0mg/kg/dose, IV, não ultrapassar 50mg/dia, durante 6 semanas, com todos os cuidados que envolvem o seu uso. Em caso de toxicidade à Anfotericina B, Desoxicolato, está indicado o uso da formulação lipídica, na dose de 3 a 5mg/kg/dia. O Fluconazol é também recomendado, na fase de consolidação, na dose de 200 a 400mg/dia, VO ou EV, por aproximadamente 6 semanas, ou associado à Anfotericina B, até a negativação das culturas. Nas formas exclusivamente pulmonares ou com sintomas leves, está indicado o uso do Fluconazol, na dose de 200mg/dia, por 6 meses a 12 meses, ou Itraconazol, 200mg/dia, durante 6 a 12 meses.

Fontes: Guia de bolso de doenças infecciosas e parasitárias – Ministério da Saúde 6ª edição revista: 2006. HARRISON – Medicina Interna 17ª edição: 2006

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