(Criou página com '''Texto de Thyago Araújo'' '''Endocardite Infecciosa''' ---- Trata-se de uma emergência infecciosa desencadeada a partir infecção do endotélio do coração. Acomete prin...') |
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+ | == Defifinção e Epidemiologia == | ||
+ | Trata-se de uma emergência infecciosa desencadeada a partir infecção do endotélio do coração. Acomete principalmente indivíduos do sexo masculino, na faixa etária compreendida entre 50 e 70 anos. Sobretudo nas válvulas cardíacas ou mesmo nas próteses valvares, formam-se estruturas denominadas vegetações – coágulos de plaquetas e fibrina infectados. É mais comum em válvulas nativas do que em próteses, sendo que nestas, a do tipo mecânica implica maior risco. | ||
- | + | == Etiologia == | |
+ | Etiologicamente, é possível realizar a seguinte associação: | ||
• Válvula inativa: Streptococcus SP (S. viridans 60%) e Staphylococcus aureus (20%) | • Válvula inativa: Streptococcus SP (S. viridans 60%) e Staphylococcus aureus (20%) | ||
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• Outros agentes: Enterococcus, bacilos GRAM negativos, fungos, bactérias do grupo HACEK (hemófilos, actinobacillus, cardiobacterium, kingella, eikenella) | • Outros agentes: Enterococcus, bacilos GRAM negativos, fungos, bactérias do grupo HACEK (hemófilos, actinobacillus, cardiobacterium, kingella, eikenella) | ||
- | Reconhecem-se como fatores de risco o uso de drogas injetáveis, a presença de focos dentários, próteses valvares, procedimentos invasivos (ex.: cateter venoso profundo). Clinicamente, a endocardite infecciosa pode cursar com febre; aparecimento de um novo sopro ou mesmo a alteração de um pré-existente (insuficiência cardíaca aguda), anemia, esplenomegalia, vasculite, petéquias (pele, conjuntivas e mucosas). | + | == Fatores de risco == |
- | Quanto ao tempo, pode-se classificar a endocardite em aguda (< 6 semanas) e subaguda (> 6 semanas). A aguda relaciona-se com bacteremias transitórias; infecção atual/recente; manchas de Janeway; toxemia. A subaguda, por outro lado, a cardiopatia prévia e nódulos de Osler, sendo de apresentação mais insidiosa. OBS.: A aguda também pode cursar com cardiopatia prévia e nódulos de Osler. | + | Reconhecem-se como fatores de risco o uso de drogas injetáveis, a presença de focos dentários, próteses valvares, procedimentos invasivos (ex.: cateter venoso profundo). Constituem outras situações de risco significativo: EI pregressa, cardiopatia congênita, valvulopatia, cardiomiopatia hipertrófica, prolapso mitral/com insuficiência mitral, HIV, diabetes mellitus, hemodiálise crônica. Para a prevenção, devem ser evitados focos de bacteremia espontânea, como má higiene dentária, dentre outros. |
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+ | == Apresentação Clínica == | ||
+ | Clinicamente, a endocardite infecciosa pode cursar com febre; aparecimento de um novo sopro ou mesmo a alteração de um pré-existente (insuficiência cardíaca aguda), anemia, esplenomegalia, vasculite, petéquias (pele, conjuntivas e mucosas). | ||
+ | Quanto ao tempo, pode-se classificar a endocardite em aguda (< 6 semanas) e subaguda (> 6 semanas). | ||
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+ | A aguda relaciona-se com bacteremias transitórias; infecção atual/recente; manchas de Janeway; toxemia. A subaguda, por outro lado, a cardiopatia prévia e nódulos de Osler, sendo de apresentação mais insidiosa. | ||
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+ | OBS.: A aguda também pode cursar com cardiopatia prévia e nódulos de Osler. | ||
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+ | == Diagnóstico == | ||
A confirmação diagnóstica envolve a evidência clínico-laboratorial de bacteremia e de comprometimento valvar. Utiliza-se frequentemente a escala de critérios de Duke, segundo o qual se legitima a suspeita de endocardite com um critério maior e um menor ou mesmo três menores; enquanto se confirma na presença de dois critérios maiores ou um maior e 3 menores ou mesmo cinco menores. | A confirmação diagnóstica envolve a evidência clínico-laboratorial de bacteremia e de comprometimento valvar. Utiliza-se frequentemente a escala de critérios de Duke, segundo o qual se legitima a suspeita de endocardite com um critério maior e um menor ou mesmo três menores; enquanto se confirma na presença de dois critérios maiores ou um maior e 3 menores ou mesmo cinco menores. | ||
- | SUSPEIÇÃO: 1M e 1m ou 3m CONFIRMAÇÃO: 2M ou 1M e 3m ou 5m | + | |
+ | SUSPEIÇÃO: 1M e 1m ou 3m | ||
+ | CONFIRMAÇÃO: 2M ou 1M e 3m ou 5m | ||
Critérios MAIORES: | Critérios MAIORES: | ||
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• Fenômenos imunológicos – fator reumatóide ( + ), n. de Osler, glomerulonefrite, etc. | • Fenômenos imunológicos – fator reumatóide ( + ), n. de Osler, glomerulonefrite, etc. | ||
+ | == Avaliação Laboratorial == | ||
Laboratorialmente, são úteis na avaliação com quadro clínico compatível com endocardite infecciosas hemograma, hemocultura (3 amostras), VHS, PCR, ECG, ECO transesofágico (esclarecimento). | Laboratorialmente, são úteis na avaliação com quadro clínico compatível com endocardite infecciosas hemograma, hemocultura (3 amostras), VHS, PCR, ECG, ECO transesofágico (esclarecimento). | ||
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+ | == Tratamento == | ||
O tratamento, de modo geral, varia de acordo com o agente implicado e a condição cardíaca do paciente. É feito via parenteral de duas a seis semanas. O tratamento empírico se faz da seguinte maneira: | O tratamento, de modo geral, varia de acordo com o agente implicado e a condição cardíaca do paciente. É feito via parenteral de duas a seis semanas. O tratamento empírico se faz da seguinte maneira: | ||
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- EI aguda/ válvula nativa | - EI aguda/ válvula nativa | ||
- | Cobrir Staphylococcus, Straptococcus, GRAM ( - ) : oxacilina, Penicilina G cristalina, gentamicina | + | Cobrir Staphylococcus, Straptococcus, GRAM ( - ) : oxacilina, |
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+ | Penicilina G cristalina, gentamicina | ||
- EI aubaguda/ válvula nativa | - EI aubaguda/ válvula nativa | ||
Cobrir Streptococcus, Enterococcus : Penicilina G cristalina, gentamicina | Cobrir Streptococcus, Enterococcus : Penicilina G cristalina, gentamicina | ||
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- EI válvula prostética | - EI válvula prostética | ||
Cobrir Staphylococcus coagulase positivo e negativo e GRAM ( - ) : oxacilina, gentamicina, rifampicina | Cobrir Staphylococcus coagulase positivo e negativo e GRAM ( - ) : oxacilina, gentamicina, rifampicina | ||
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- | + | OBS1.: Fazer vancomicin para S. epidermidis ! | |
- | + | OBS2.: Não anticoagular o paciente, exceto se o mesmo já o faz cronicmente (usurários de próteses) | |
+ | OBS3.: Em alguns casos, a intervenção cirúrgica pode ser necessária na terapia da endocardite. | ||
+ | OBS4.: Se Streptococcus bovis isolado em cultura de paciente com quadro compatível de endocardite infecciosa, pesquisar carcinoma de cólon! | ||
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* Critério de Cura: hemocultura negativa duas semanas após conclusão de tratamento. | * Critério de Cura: hemocultura negativa duas semanas após conclusão de tratamento. | ||
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- | + | * Protocolos profiláticos podem ser utilizados na prevenção da endocardite. No caso de focos dentários ou respiratórios: amoxicilina ou azitromicina antes; nos de TGI ou TGU: ampicilina associada à gentamicina antes e depois. |
Texto de Thyago Araújo
Endocardite Infecciosa
Tabela de conteúdo |
Trata-se de uma emergência infecciosa desencadeada a partir infecção do endotélio do coração. Acomete principalmente indivíduos do sexo masculino, na faixa etária compreendida entre 50 e 70 anos. Sobretudo nas válvulas cardíacas ou mesmo nas próteses valvares, formam-se estruturas denominadas vegetações – coágulos de plaquetas e fibrina infectados. É mais comum em válvulas nativas do que em próteses, sendo que nestas, a do tipo mecânica implica maior risco.
Etiologicamente, é possível realizar a seguinte associação:
• Válvula inativa: Streptococcus SP (S. viridans 60%) e Staphylococcus aureus (20%) • Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase negativos: próteses (infecção precoce, ocorre em menos de dois meses após implante) • Staphylococcus coagulase negativos: próteses (infecção ocorrida entre dois até doze meses após implante) • Streptococcus sp e Staphylococcus aureus: próteses implantadas há mais de dois meses. • Outros agentes: Enterococcus, bacilos GRAM negativos, fungos, bactérias do grupo HACEK (hemófilos, actinobacillus, cardiobacterium, kingella, eikenella)
Reconhecem-se como fatores de risco o uso de drogas injetáveis, a presença de focos dentários, próteses valvares, procedimentos invasivos (ex.: cateter venoso profundo). Constituem outras situações de risco significativo: EI pregressa, cardiopatia congênita, valvulopatia, cardiomiopatia hipertrófica, prolapso mitral/com insuficiência mitral, HIV, diabetes mellitus, hemodiálise crônica. Para a prevenção, devem ser evitados focos de bacteremia espontânea, como má higiene dentária, dentre outros.
Clinicamente, a endocardite infecciosa pode cursar com febre; aparecimento de um novo sopro ou mesmo a alteração de um pré-existente (insuficiência cardíaca aguda), anemia, esplenomegalia, vasculite, petéquias (pele, conjuntivas e mucosas). Quanto ao tempo, pode-se classificar a endocardite em aguda (< 6 semanas) e subaguda (> 6 semanas).
A aguda relaciona-se com bacteremias transitórias; infecção atual/recente; manchas de Janeway; toxemia. A subaguda, por outro lado, a cardiopatia prévia e nódulos de Osler, sendo de apresentação mais insidiosa.
OBS.: A aguda também pode cursar com cardiopatia prévia e nódulos de Osler.
A confirmação diagnóstica envolve a evidência clínico-laboratorial de bacteremia e de comprometimento valvar. Utiliza-se frequentemente a escala de critérios de Duke, segundo o qual se legitima a suspeita de endocardite com um critério maior e um menor ou mesmo três menores; enquanto se confirma na presença de dois critérios maiores ou um maior e 3 menores ou mesmo cinco menores.
SUSPEIÇÃO: 1M e 1m ou 3m CONFIRMAÇÃO: 2M ou 1M e 3m ou 5m
Critérios MAIORES: • 2 hemoculturas positivas com agentes comuns isolados • 1 cultura ou sorologia positiva para Coxiela buernetti (> 1:800) • Sopro novo ou alteração de um pré-existente • Eco cardiograma compatível com quadro clínico
CRITÉRIOS menores: • Presença de fatores de risco • Febre > 38ºC • Hemocultura positiva • Fenômenos vasculares – manchas de Janeway, embolismo, etc • Fenômenos imunológicos – fator reumatóide ( + ), n. de Osler, glomerulonefrite, etc.
Laboratorialmente, são úteis na avaliação com quadro clínico compatível com endocardite infecciosas hemograma, hemocultura (3 amostras), VHS, PCR, ECG, ECO transesofágico (esclarecimento).
O tratamento, de modo geral, varia de acordo com o agente implicado e a condição cardíaca do paciente. É feito via parenteral de duas a seis semanas. O tratamento empírico se faz da seguinte maneira:
- EI aguda/ válvula nativa Cobrir Staphylococcus, Straptococcus, GRAM ( - ) : oxacilina,
Penicilina G cristalina, gentamicina - EI aubaguda/ válvula nativa Cobrir Streptococcus, Enterococcus : Penicilina G cristalina, gentamicina
- EI válvula prostética Cobrir Staphylococcus coagulase positivo e negativo e GRAM ( - ) : oxacilina, gentamicina, rifampicina
OBS1.: Fazer vancomicin para S. epidermidis ! OBS2.: Não anticoagular o paciente, exceto se o mesmo já o faz cronicmente (usurários de próteses) OBS3.: Em alguns casos, a intervenção cirúrgica pode ser necessária na terapia da endocardite. OBS4.: Se Streptococcus bovis isolado em cultura de paciente com quadro compatível de endocardite infecciosa, pesquisar carcinoma de cólon!