Penicilinas

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''Texto de Clara Mota Randal Pompeu''  
''Texto de Clara Mota Randal Pompeu''  

Edição de 15h46min de 30 de Abril de 2012

Tabela de conteúdo

PENICILINAS



Texto de Clara Mota Randal Pompeu

Penicilinas

São formados por um anel tiazolidínico fixado a um anel betalactâmico, que transporta um amino secundário (podendo este ser substituído por outro grupo). São classificadas em:

- Penicilinas (Ex. Penicilina G): ativos contra gram-positivos, cocos gram-negativos e anaeróbios não-produtores de beta-lactamase. Fármacos de escolha para estreptococos, enterococos, pneumococos sensíveis à penicilina, estafilococos não-produtores de beta-lactamase, Treponema pallidum, anaeróbios Gram-negativos não-produtores de beta lactamase etc.

- Penicilinas antiestafilocócicas (Ex. Nafcilina, Meticilina, Oxacilina): são resistentes às betalactamases estafilocócicas e possuem boa ação contra estafilococos e estreptococos. Em infecções sistêmicas por estafilococos, administram-se oxacilina ou nafcilina, 8 a 12g/dia, via IV intermitente de 1 a 2 g, a cada 4 a 6h.

- Penicilinas de espectro ampliado (Ex. ampicilina, amoxicilina e penicilinas anti-pseudomonas): possuem maior ação, além do espectro das penicilinas, contra microorganismos gram-negativos, pois são capazes de atravessar com maior eficácia a membrana externa; são sensíveis às betalactamases. As aminopenicilinas (ampicilina e amoxicilina) são usadas em infecções do trato urinário, otite, sinusite e infecções de vias respiratórias inferiores. São os antibióticos beta-lactâmicos orais preferidos para o tratamento de infecções supostamente causadas por pneumococos resistentes a penicilinas. Como exemplo de drogas anti-pseudomonas, temos a indalil-carbenicilina sódica (em geral, para infecções de trato urinário), a ticarcilina, a piperacilina. O tratamento contra Pseudomonas aeruginosa, fora do trato urinário, é feito em geral associando uma penicilina anti-pseudomonas e um aminoglicosídeo ou fluoroquinolona.

Obs: Ampicilina, amoxicilina, ticarcilina e piperacilina podem vir em associação com inibidores de beta-lactamases, como ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam, ampliando suas atividades.

Mecanismo de ação

Os antibióticos beta-lactâmicos inibem o crescimento bacteriano ao interferir no metabolismo da parede celular. Atuam ligando-se às PLPs (proteínas de ligação das penicilinas), impedindo a reação de trasnpeptidação e a formação das ligações cruzadas bacterianas (as ligações cruzadas que conferem a rigidez à parede celular), interrompendo a síntese do peptideoglicano, levando a célula à morte. Possuem sua atividade bactericida apenas quando as células estão em processo de crescimento e síntese.

Mecanismos de Resistência

- Produção de beta-lactamases: As enzimas beta-lactamases hidrolisam o anel beta-lactâmico, inibindo a atividade bactericida do antibiótico. Ex.: Bactérias produtoras como Staphylococcus aureus, Haemophilus sp, Escherichia coli etc.

- Modificação das PLP-alvo: as PLPs produzidas pelas bactérias possuem baixa afinidades pelos antibióticos. Ex.: resistência à meticilina pelos estafilococos.

- Penetração reduzida do fármaco até as PLPs-alvo: membrana externa da parede celular em Gram negativos é impermeável à passagem de beta-lactâmicos.

- Bomba de efluxo: transportam alguns antibióticos do periplasma de volta para a membrana externa. Encontradas em gram-negativos.

Aspectos Farmacocinéticos

Há formulações para administração por via oral ou via parenteral. Quando administrados por via oral, devem ser tomados 1 ou 2 horas antes ou depois das refeições, para evitar ligação com proteínas alimentares e inativação pelo ácido. A exceção é a amoxicilina, que não tem sua absorção influenciada pela alimentação. Quanto à administração parenteral, a via intravenosa é preferida, uma vez que a injeção intramuscular costuma provocar dor e irritação locais.

Possuem boa distribuição pelos líquidos e tecidos corporais, não tão distribuídos em próstata, sistema nervoso central e olho. São compostos polares, logo sua concentração extracelular é maior que a intracelular. É excretada no escarro e no leite materno. Excreção predominantemente renal, por filtração glomerular (10%) e secreção tubular (90%).

Reações Adversas

Sendo notadamente atóxicas, os efeitos adversos decorrem sobretudo de reações de hipersensibilidade, apresentando-se como exantemas cutâneos, doença do soro (raro), choque anafilático (muito raro), lesões orais, febre, nefrite intersticial, eosinofilia, anemia hemolítica, vasculites etc. Em pacientes com insuficiência renal, o uso de penicilinas pode causar convulsões. A nafcilina está associada a neutropenia; a oxacilina pode causar hepatite; a meticilina pode levar a uma nefrite intersticial; a ampicilina está associada ao desenvolvimento de colite pseudomembranosa. Quando administradas por via oral, podem provocar desconforto gastrintestinal, como náuseas, vômitos e diarreia.

Bibliografia

- Farmacologia – Rang e Dale – 6ª. Edição - Elsevier

- Farmacologia Básica e Clínica – Katzung – 10ª. Edição – Lange

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