Manifestações Hematológicas na Infecção pelo HIV

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Certas drogas atuam sobre a medula óssea, causando mielossupressão. As principais são: zidovudina (AZT) – causa anemia macrocítica dose-dependente; sulfametoxazol-trimetropim; anfotericina B; ganciclovir; dapsona.   
Certas drogas atuam sobre a medula óssea, causando mielossupressão. As principais são: zidovudina (AZT) – causa anemia macrocítica dose-dependente; sulfametoxazol-trimetropim; anfotericina B; ganciclovir; dapsona.   
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==== Infiltração medular ====
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A diminuição da produção de hemácias/hemoglobina pode ser causada pela infiltração da medula óssea por agentes infecciosos ou neoplasias. Entre os microrganismos que causam mais comumente essa infiltração, podemos citar: Leishmania chagasi (Calazar), Histoplasma capsulatum (histoplasmose disseminada), Mycobacterium tuberculosis (tuberculose disseminada), Mycobacterium avium (MAC), Parvovírus B19 (causa aplasia pura da série vermelha através da ligação do vírus ao antígeno P do grupo sanguíneo; devido ao estado de imunodepressão, o indivíduo não produz anticorpos neutralizantes do parvovírus, ocorrendo então uma intensa replicação viral no interior dos precursores eritróides, o que leva a uma anemia profunda e crônica). A principal neoplasia em pacientes infectados pelo HIV que infiltra a medula é o linfoma não-Hodgkin.
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=== Causas que levam ao excesso de destruição ou perda ===
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• Hemólise (PTT, anemia hemolítica auto-imune)
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• Drogas (ceftriaxone, indinavir): induzem hemólise por alguns mecanismo, como o da imunidade cruzada (anticorpos produzidos contra as drogas acabam se ligando às hemácias, por similaridade de certas regiões entre as moléculas, levando à anemia hemolítica)
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• Infecção (CMV)
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• Hemorragia do TGI (linfoma não-Hogkin; sarcoma de Kaposi no TGI; infecção, p.ex. CMV)
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==== Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) ====
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Na forma pulmonar aguda, leve a moderada, geralmente, o tratamento é desnecessário. Em pacientes que mantêm sintomatologia por mais de 1 mês, pode-se iniciar o Itraconazol, na dose de 200 a 400mg/dia, durante 6 a 12 semanas. Nas formas pulmonares agudas graves, está indicado o uso da Anfotericina B, na dose de 0,5 a 1mg/kg/dia, não ultrapassando 50mg/dia, durante 1 a 2 semanas, seguida de Itraconazol, na dose de ataque de 200mg, 3 vezes ao dia, durante 3 dias, e manutenção de 200mg, 2 vezes ao dia, durante 12 semanas. Nas formas cavitárias pulmonares crônicas, a recomendação é o uso do Itraconazol, 200mg, 3 vezes ao dia, durante 3 dias, seguido de 200 a 400mg por dia, por pelo menos 12 meses, devendo, no entanto, chegar a 18 ou 24 meses.
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É uma entidade clínica causada pela deficiência quantitativa ou qualitativa da protease que cliva os multímeros do fator de Von Willebrand (a ADAMTS13). Como conseqüência, ocorre oclusão difusa de arteríolas e capilares da microcirculação. O HIV contribui para que ocorra PTT tanto pela disfunção imune (produção de anticorpos anti-ADAMTS13), como pela infecção direta das células endoteliais, gerando disfunção endotelial (com liberação desordenada do fator de Von Willebrand).  
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Fontes: Guia de bolso de doenças infecciosas e parasitárias – Ministério da Saúde 6ª edição revista: 2006.  
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A PTT ocorria em 1,4% dos pacintes com AIDS na era pré-HAART (é, portanto, de ocorrência rara).  
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HARRISON – Medicina Interna 17ª edição: 2006
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Quadro clínico (péntade): anemia hemolítica microangiopática + plaquetopenia + insuficiência renal + febre + sinais neurológicos.
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O tratamento é feito com plasmaférese.
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=== Causas de hiperesplenismo ===
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• Infecção
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• Linfoma não-Hodgkin
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• Cirrose hepática

Edição de 15h19min de 2 de Maio de 2011

Texto de Everton Rodrigues

Manifestações Hematológicas da Infecção pelo HIV


Os pacientes infectados pelo HIV apresentam freqüentemente alterações hematológicas, especialmente as citopenias (anemia; leucopenia – em geral, neutropenia; trombocitopenia), as quais podem ser isoladas ou combinadas, e podem ter múltiplas etiologias.

As citopenias podem ser explicadas pelos seguintes mecanismos: ação direta do HIV (evidências demonstram que o vírus infecta as células progenitoras da medula óssea e as células-tronco hematopoiéticas) e de proteínas virais (gp 120, gp 160, tat, provocando diminuição da produção de unidades formadoras de colônias); ação de fatores imunes e de citocinas (TNF-α, INF-gama) sobre a medula óssea; efeitos colaterais de medicamentos (antirretrovirais, drogas utilizadas para tratamento das complicações infecciosas e neoplásicas da doença).

Tabela de conteúdo

Anemia

É a citopenia mais freqüente (pode estar presente em até 90% dos pacientes HIV positivos), estando associada a uma maior taxa de mortalidade (independente da contagem de linfócitos T CD4+ e da carga viral) e maior risco de progressão para AIDS (principalmente com níveis de Hb < 8).

Geralmente, a anemia é multifatorial na infecção pelo HIV, incluindo causas como infecções oportunistas, drogas mielossupressivas, deficiências nutricionais e efeitos diretos do HIV sobre a medula óssea (células progenitoras e estromais).

Podemos dividir as causas da anemia em: causas que levam à diminuição da produção de hemácias/hemoglobina; causas que levam ao excesso da destruição de hemácias ou à perda de sangue; causas de hiperesplenismo.


Causas que levam à diminuição de produção

• Anemia de doença crônica

• Drogas mielossupressoras

• Infiltração da medula (neoplasias, infecções)

• Deficiências (eritropoetina, ferro, folato, vitamina B12)


Anemia de doença crônica

É uma anemia secundária a ativação imune, podendo ser causada por infecções crônicas, doenças auto-imunes, neoplasias. Ocorre a produção de citocinas inflamatórias (TNF-α, IL-1, IFN-gama), que atuam sobre o fígado estimulando a síntese de hepcidina, molécula que diminui a absorção intestinal de ferro e aumenta a captação e retenção de ferro no interior dos macrófagos (sistema reticuloendotelial), levando à hipoferremia (baixos níveis séricos de ferro). Além disso, as citocinas IL-1 e TNF-α inibem a produção de eritropoetina (EPO) e a responsividade dos precursores eritróides à eritropoetina (EPO).

A anemia de doença crônica deve ser tratada com altas doses de EPO, instituição de HAART (terapia antirretroviral de alta eficácia) e correção das deficiências vitamínicas.

Drogas mielossupressoras

Certas drogas atuam sobre a medula óssea, causando mielossupressão. As principais são: zidovudina (AZT) – causa anemia macrocítica dose-dependente; sulfametoxazol-trimetropim; anfotericina B; ganciclovir; dapsona.

Infiltração medular

A diminuição da produção de hemácias/hemoglobina pode ser causada pela infiltração da medula óssea por agentes infecciosos ou neoplasias. Entre os microrganismos que causam mais comumente essa infiltração, podemos citar: Leishmania chagasi (Calazar), Histoplasma capsulatum (histoplasmose disseminada), Mycobacterium tuberculosis (tuberculose disseminada), Mycobacterium avium (MAC), Parvovírus B19 (causa aplasia pura da série vermelha através da ligação do vírus ao antígeno P do grupo sanguíneo; devido ao estado de imunodepressão, o indivíduo não produz anticorpos neutralizantes do parvovírus, ocorrendo então uma intensa replicação viral no interior dos precursores eritróides, o que leva a uma anemia profunda e crônica). A principal neoplasia em pacientes infectados pelo HIV que infiltra a medula é o linfoma não-Hodgkin.

Causas que levam ao excesso de destruição ou perda

• Hemólise (PTT, anemia hemolítica auto-imune)

• Drogas (ceftriaxone, indinavir): induzem hemólise por alguns mecanismo, como o da imunidade cruzada (anticorpos produzidos contra as drogas acabam se ligando às hemácias, por similaridade de certas regiões entre as moléculas, levando à anemia hemolítica)

• Infecção (CMV)

• Hemorragia do TGI (linfoma não-Hogkin; sarcoma de Kaposi no TGI; infecção, p.ex. CMV)


Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT)

É uma entidade clínica causada pela deficiência quantitativa ou qualitativa da protease que cliva os multímeros do fator de Von Willebrand (a ADAMTS13). Como conseqüência, ocorre oclusão difusa de arteríolas e capilares da microcirculação. O HIV contribui para que ocorra PTT tanto pela disfunção imune (produção de anticorpos anti-ADAMTS13), como pela infecção direta das células endoteliais, gerando disfunção endotelial (com liberação desordenada do fator de Von Willebrand).

A PTT ocorria em 1,4% dos pacintes com AIDS na era pré-HAART (é, portanto, de ocorrência rara). Quadro clínico (péntade): anemia hemolítica microangiopática + plaquetopenia + insuficiência renal + febre + sinais neurológicos.

O tratamento é feito com plasmaférese.

Causas de hiperesplenismo

• Infecção

• Linfoma não-Hodgkin

• Cirrose hepática

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