Paracoccidioidomicose

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(Criou página com '''Texto de Everton Rodrigues'' '''Paracoccidioidomicose''' ---- É uma micose sistêmica com sintomatologia cutânea importante, grave. No adulto, há predomínio da forma crô...')
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Edição atual tal como 23h40min de 20 de fevereiro de 2011

Texto de Everton Rodrigues

Paracoccidioidomicose


É uma micose sistêmica com sintomatologia cutânea importante, grave. No adulto, há predomínio da forma crônica, mas quando acomete crianças ou adolescentes apresenta-se na forma aguda ou subaguda. Quando não diagnosticada e tratada oportunamente, pode levar a formas disseminadas graves e letais, com rápido e progressivo envolvimento dos pulmões, tegumento, gânglios, baço, fígado e órgãos linfóides do tubo digestivo.

Tabela de conteúdo

Etiologia

O agente etiológico é o Paracoccidioides brasiliensis, um fungo *dimórfico que ocorre em florestas tropicais e subtropicais, com temperaturas amenas e umidade elevada.

  • Fungos dimórficos: são fungos que podem se apresentar tanto na forma filamentosa ou de bolor (multicelular), como na forma de levedura (unicelular), a depender da temperatura. À temperatura ambiente, desenvolvem-se como fungos filamentosos. À temperatura corporal, desenvolvem-se como leveduras (forma em parasitismo).

Epidemiologia

Doença endêmica nas regiões tropicais da América do Sul, comum no Brasil em relação a outros países. As regiões Sul e Sudeste do Brasil são áreas de elevada endemicidade da doença.

Freqüente em trabalhadores rurais, agricultores e operários da construção civil (ou seja, em profissionais que lidam com manejo do solo contaminado com o fungo).

Incide mais em homens do que em mulheres, pois o fungo, sofrendo ação do hormônio feminino 17-b-estradiol, torna-se incapaz de transformar-se em levedura, essencial para induzir a doença.

A faixa etária de maior incidência é de 30 a 50 anos.

A doença é rara em crianças e adolescentes.

O alcoolismo e o tabagismo são importantes fatores predisponentes.

Modo de transmissão

A transmissão ocorre através da inalação de conídios produzidos pelas formas filamentosas do fungo, as quais estão presentes no solo. Uma vez inalados, os conídios se transformam nas formas leveduriformes do fungo, que se disseminarão pelos tecidos do hospedeiro. Não há transmissão inter-humana.

Período de incubação

De um mês a anos.

Apresentação clínica

- Forma aguda/subaguda (tipo juvenil): corresponde a 3-5% dos casos da doença, predominando em crianças e adolescentes. A distribuição é semelhante em crianças dos sexos masculino e feminino. Os sítios orgânicos mais freqüentemente atingidos são linfonodos superficiais (mais de 90% dos casos, podendo supurar e fistulizar); fígado e baço (hepatoesplenomegalia); pele; ossos; articulações. Geralmente, surgem massas abdominais decorrentes da fusão de linfonodos mesentéricos, podendo levar a quadros diversos, como de oclusão ou semi-oclusão intestinal, síndrome disabsortiva, entre outras.

- Forma crônica (tipo adulto): Essa forma clínica responde por mais de 90% dos casos, e apresenta-se principalmente em adultos entre os 30 e 60 anos, predominantemente, do sexo masculino. As manifestações pulmonares estão presentes em 90% dos pacientes. É chamada de apresentação unifocal quando a micose está restrita a somente um órgão. Os pulmões podem ser o único órgão afetado em até 25% dos casos. Geralmente, a doença envolve mais de um órgão simultaneamente (apresentação multifocal), sendo pulmões, mucosas e pele os sítios mais acometidos pela infecção.

Diagnóstico

É clínico-laboratorial, sendo este último realizado através da visualização do fungo no exame direto (com KOH) de escarro, exsudato ou pus. Também podemos utilizar: culturas; biópsia de lesões e/ou órgãos acometidos; sorologia.

Diagnóstico diferencial

Faz diagnóstico diferencial com: tuberculose, esporotricose, cromomicose, leishmaniose tegumentar americana, histoplasmose disseminada e sífilis. Nas formas linfáticas, deve-se diferenciar de: tuberculose ganglionar, linfoma de Hodgkin e outras neoplasias.

Tratamento

Uma das opções a seguir: • Itraconazol - 200mg/dia, logo após uma das principais refeições, em única tomada, por 6 a 9 meses, nas formas leves, e 12 a 18 meses, nas formas moderadas. É considerada a droga de escolha.

• Sulfametoxazol + trimetoprim (adultos) - 800/160mg/dia, VO, 12/12 horas, na ausência de imunodifusão, 12 meses, nas formas leves, e 18 a 24 meses, nas formas moderadas.

Crianças: Trimetoprim, 8 a 10mg/kg e Sulfametoxazol, 40 a 50mg/kg, VO, de 12/12 horas. Nas formas graves, Anfotericina B - 1mg/kg/dia, IV, diluído em 50ml de soro glicosado a 5%, não ultrapassando a dose máxima diária de 50mg, ou solução endovenosa de Sulfametozaxol/trimetoprim, na dose de 2 ampolas de 8/8 horas até a melhora clínica do paciente, quando então passa a receber medicação VO.

O Voriconazol tem apresentado bons resultados, sobretudo nas formas com comprometimento de SNC.


Fontes: Guia de bolso de doenças infecciosas e parasitárias – Ministério da Saúde 6ª edição revista: 2006. Consenso em Paracoccidioidomicose - Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 39(3):297-310, mai-jun, 2006

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