Doença de Kawasaki

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''Texto de Luana Silva Bessa Guimarães''
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==Definição==
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==Definição e Epidemiologia==
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Doença de Kawasaki é uma vasculite, caracterizada pela inflamaçao vascular generalizada com acometimento predominantemente médias artérias, principalmente de artérias coronárias podendo desenvolver dilatação aneurismática, trombose e estenose com quadros de infarto e morte súbita. Crianças < 5 anos são as mais acometidas(80% dos casos), com ligeiro predomínio entre meninos. É rara antes de 3 meses, o que pode estar associado a um possível papel protetor dos anticorpos maternos. A doença apresenta maior frequência entre as crianças asiáticas.
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Doença de Kawasaki é uma vasculite, caracterizada pela inflamaçao vascular generalizada com acometimento predominantemente médias artérias. Crianças < 5 anos são as mais acometidas.
 
==Etipatogenia==
==Etipatogenia==
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Agente etiológico desconhecido. A inflamação vascular ocasiona edema, infiltração e depósitos de imunoglobulinas. perda da integridade estrutural do vaso, o que causa aneurismas.
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O agente etiológico é desconhecido, mas as hipóteses mais aceitas falam a favor de uma natureza infecciosa. Acredita-se que um agente ubíquo, que provocaria uma resposta imune anormal em pessoas geneticamente predispostas, embora o agente não tenha sido ainda identificado.
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O processo de inflamação vascular acomete as três camadas-íntima, média e externa; verificam-se anormalidades como edema, infiltração de células inflamatórias e depósitos de imunoglobulinas, principalmente a IgA nas camadas celulares. A consequente perda da integridade estrutural do vaso resulta em sua dilatação com formação de aneurismas fusiformes ou saculares. Com a lesão intimal e o alentecimento do fluxo sanguíneo, podem formar-se trombos intraluminais. O processo de cicatrização subsequente, por sua vez, conduz ao desenvolvimento de uma estenose da parede da artéria.
==Manifestações Clínicas==
==Manifestações Clínicas==
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1) Febre alta e remitente (>5 dias);
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1) Febre alta e remitente (>5 dias)95-99%;
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2) Conjuntivite bilateral não purulenta (congestão e hiperemia);
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2) Conjuntivite bilateral não purulenta (congestão e hiperemia)88%;
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3) Alterações periorais: língua em framboesa, hiperemia, ressecamento e fissuras labiais;
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3) Alterações periorais: língua em framboesa, hiperemia, ressecamento e fissuras labiais- 90%;
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4) Exantema polimorfo sem vesículas ou bolhas, seguido de descamação laminar;
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4) Exantema polimorfo sem vesículas ou bolhas, seguido de descamação laminar- 92%;
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5) Alterações de extremidades: eritema palmo-plantar, edema de mãos e pés.
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5) Alterações de extremidades: eritema palmo-plantar, edema de mãos e pés- 88-94%.
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6) Linfadenopatia cervical unilateral não supurado.
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6) Linfadenopatia cervical unilateral não supurado- 50-75%.
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O diagnóstico da DK clássica é aquele no qual se encontram a febre, com duração igual ou superior a 5 dias, mais 4 dos outros cinco critérios: conjuntivite, exantema, alterações da cavidade oral, alterações de mãos e pés e linfadenopatia cervical não supurada. Um desafio médico para o estabelecimento de diagnóstico e de terapêutica é o Kawasaki atípico, ou seja, crianças que apresentam febre por cinco dias ou mais, porém preenchem menos que quatro dos cinco demais sinais.
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O envolvimento cardíaco é a manifestação mais importante da doença de Kawasaki. Na fase aguda, podemos encontrar miocardite em 50% dos casos. Pode ser encontrado também comprometimento endocárdico (regurgitação valvar) e pericárdico (derrame pericárdico pequeno). Na fase subaguda da doença, cerca de 2 a 3 semanas após o início podemos ver a formação dos aneurismas de coronárias, que se formam em até 20-25% das crianças não tratadas.
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A fase aguda da DK dura em média 1 a 2 semanas, período caracterizado pela febre, miocardite e outros sinais clínicos. A fase subaguda é aquela em que a febre começa a diminuir de intensidade, persistindo a irritabilidade, anorexia e conjuntivite. Também nesse momento, se inicia a descamação periungueal, trombocitose e desenvolvimento dos aneurismas. Dura em média de 2 a 4 semanas. Na fase de convalescença não são mais vistos quaisquer sinais e sintomas, mas a velocidade de hemossedimentação e a proteína C reativa ainda permanecem elevadas. Dura de 6 a 8 semanas, até que finalmente há normalização laboratorial.
Pode haver acometimento cardíaco: miocardite, aneurismas de coronárias.
Pode haver acometimento cardíaco: miocardite, aneurismas de coronárias.
==Diagnóstico==
==Diagnóstico==
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Diagnóstico é clínico e se baseia na presença de febre mais dois critérios acima descritos. A DK atípica é caracterizada pela presença de febre associada a 2-3 critérios na presença de PCR > 3mg/dL e/ou VHS > 40mm. O ECO é um exame obrigatório.
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Diagnóstico é clínico e se baseia na presença obrigatoriamente de febre somados a cinco dos seis principais sinais, o que caracteriza a forma clássica da doença. A DK atípica é caracterizada pela presença de febre por um tempo igual ou superior a 5 dias associada a 2-3 critérios na presença de PCR > 3mg/dL e/ou VHS > 40mm. O ECO é um exame obrigatório.
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==Diagnósticos diferencias==
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Devem ser lembrados principalmente se levantada a hipótese de doença de Kawasaki atípica.
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- Sarampo
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- Adenovírus
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- Farmacodermia
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- Síndrome do choque tóxico estafilocócico
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- Faringite estreptocócica/ Escarlatina
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- Atrite reumatóide juvenil
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==Exames complementares==
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- Eritrograma: anemia normocítica e normocrômica
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- Leucograma: na fase aguda leucocitose com desvio para a esquerda para a esquerda, podendo alcançar 20000/mm3
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- Plaquetas: trombocitose com pico na terceira semana
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- Velocidade de hemossedimentação: aumenta em quase 100%
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- Proteína C reativa
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- Exames do aparelho cardiovascular: ecocardiograma (obrigatório) e angiografia, se necessário
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- Outros exames laboratoriais: piúria estéril, elevação discreta de transaminases e leucocitose liquórica
==Tratamento==
==Tratamento==
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Baseia-se na administração de AAS, imunoglobulina e terapia trombolítica.
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O tratamento baseia-se:
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1) Imunoglobulina intravenosa(2g/kg de peso em dose única, em infusão contínua por 12 horas), devendo ser iniciada na fase febril para melhores resultados.
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2) Salicilatos em doses anti-inflamatórias (100mg/kg/dia) até o 14 dia de doença ou até três dias após o desaparecimento da febre
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3) Terapia trombolítica (com estreptoquinase) tem sido utilizada em pacientes com trombose coronariana ou isquemia arterial periférica.
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==Bibliografia==
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- HARRISON - MEDICINA INTERNA - 17ª Edição
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- Cecil Medicine, 23ª Ed., tradução autorizada do inglês da edição publicada por Saunders

Edição atual tal como 20h28min de 7 de Agosto de 2012

Tabela de conteúdo

Doença de Kawasaki

Texto de Daniel Machado do Amaral Luana Silva Bessa Guimarães

Definição e Epidemiologia

Doença de Kawasaki é uma vasculite, caracterizada pela inflamaçao vascular generalizada com acometimento predominantemente médias artérias, principalmente de artérias coronárias podendo desenvolver dilatação aneurismática, trombose e estenose com quadros de infarto e morte súbita. Crianças < 5 anos são as mais acometidas(80% dos casos), com ligeiro predomínio entre meninos. É rara antes de 3 meses, o que pode estar associado a um possível papel protetor dos anticorpos maternos. A doença apresenta maior frequência entre as crianças asiáticas.


Etipatogenia

O agente etiológico é desconhecido, mas as hipóteses mais aceitas falam a favor de uma natureza infecciosa. Acredita-se que um agente ubíquo, que provocaria uma resposta imune anormal em pessoas geneticamente predispostas, embora o agente não tenha sido ainda identificado. O processo de inflamação vascular acomete as três camadas-íntima, média e externa; verificam-se anormalidades como edema, infiltração de células inflamatórias e depósitos de imunoglobulinas, principalmente a IgA nas camadas celulares. A consequente perda da integridade estrutural do vaso resulta em sua dilatação com formação de aneurismas fusiformes ou saculares. Com a lesão intimal e o alentecimento do fluxo sanguíneo, podem formar-se trombos intraluminais. O processo de cicatrização subsequente, por sua vez, conduz ao desenvolvimento de uma estenose da parede da artéria.

Manifestações Clínicas

1) Febre alta e remitente (>5 dias)95-99%; 2) Conjuntivite bilateral não purulenta (congestão e hiperemia)88%; 3) Alterações periorais: língua em framboesa, hiperemia, ressecamento e fissuras labiais- 90%; 4) Exantema polimorfo sem vesículas ou bolhas, seguido de descamação laminar- 92%; 5) Alterações de extremidades: eritema palmo-plantar, edema de mãos e pés- 88-94%. 6) Linfadenopatia cervical unilateral não supurado- 50-75%.

O diagnóstico da DK clássica é aquele no qual se encontram a febre, com duração igual ou superior a 5 dias, mais 4 dos outros cinco critérios: conjuntivite, exantema, alterações da cavidade oral, alterações de mãos e pés e linfadenopatia cervical não supurada. Um desafio médico para o estabelecimento de diagnóstico e de terapêutica é o Kawasaki atípico, ou seja, crianças que apresentam febre por cinco dias ou mais, porém preenchem menos que quatro dos cinco demais sinais. O envolvimento cardíaco é a manifestação mais importante da doença de Kawasaki. Na fase aguda, podemos encontrar miocardite em 50% dos casos. Pode ser encontrado também comprometimento endocárdico (regurgitação valvar) e pericárdico (derrame pericárdico pequeno). Na fase subaguda da doença, cerca de 2 a 3 semanas após o início podemos ver a formação dos aneurismas de coronárias, que se formam em até 20-25% das crianças não tratadas. A fase aguda da DK dura em média 1 a 2 semanas, período caracterizado pela febre, miocardite e outros sinais clínicos. A fase subaguda é aquela em que a febre começa a diminuir de intensidade, persistindo a irritabilidade, anorexia e conjuntivite. Também nesse momento, se inicia a descamação periungueal, trombocitose e desenvolvimento dos aneurismas. Dura em média de 2 a 4 semanas. Na fase de convalescença não são mais vistos quaisquer sinais e sintomas, mas a velocidade de hemossedimentação e a proteína C reativa ainda permanecem elevadas. Dura de 6 a 8 semanas, até que finalmente há normalização laboratorial. Pode haver acometimento cardíaco: miocardite, aneurismas de coronárias.

Diagnóstico

Diagnóstico é clínico e se baseia na presença obrigatoriamente de febre somados a cinco dos seis principais sinais, o que caracteriza a forma clássica da doença. A DK atípica é caracterizada pela presença de febre por um tempo igual ou superior a 5 dias associada a 2-3 critérios na presença de PCR > 3mg/dL e/ou VHS > 40mm. O ECO é um exame obrigatório.

Diagnósticos diferencias

Devem ser lembrados principalmente se levantada a hipótese de doença de Kawasaki atípica. - Sarampo - Adenovírus - Farmacodermia - Síndrome do choque tóxico estafilocócico - Faringite estreptocócica/ Escarlatina - Atrite reumatóide juvenil

Exames complementares

- Eritrograma: anemia normocítica e normocrômica - Leucograma: na fase aguda leucocitose com desvio para a esquerda para a esquerda, podendo alcançar 20000/mm3 - Plaquetas: trombocitose com pico na terceira semana - Velocidade de hemossedimentação: aumenta em quase 100% - Proteína C reativa - Exames do aparelho cardiovascular: ecocardiograma (obrigatório) e angiografia, se necessário - Outros exames laboratoriais: piúria estéril, elevação discreta de transaminases e leucocitose liquórica

Tratamento

O tratamento baseia-se: 1) Imunoglobulina intravenosa(2g/kg de peso em dose única, em infusão contínua por 12 horas), devendo ser iniciada na fase febril para melhores resultados. 2) Salicilatos em doses anti-inflamatórias (100mg/kg/dia) até o 14 dia de doença ou até três dias após o desaparecimento da febre 3) Terapia trombolítica (com estreptoquinase) tem sido utilizada em pacientes com trombose coronariana ou isquemia arterial periférica.

Bibliografia

- HARRISON - MEDICINA INTERNA - 17ª Edição
- Cecil Medicine, 23ª Ed., tradução autorizada do inglês da edição publicada por Saunders
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