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Texto de Caio Mayrink
INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA
A inflamação granulomatosa, ou inflamação crônica específica, é uma apresentação distinta de inflamação crônica, apresentada em casos de agentes agressores difíceis de serem erradicados. Ela é caracterizada pela formação de granulomas, que nada mais são do que uma aglomeração de células de defesa na tentativa de conter o agente agressor.
Tabela de conteúdo |
Os granulomas se caracterizam pela presença de uma agregação de macrófagos morfologicamente alterados, eosinofílicos, adquirindo formato achatado e com os limites intercelulares pouco evidentes, sendo assim chamados de celulas epitelioides. Muitas vezes as células epitelioides se fundem formando células gigantes de corpo estranho ou células gigantes de Langhans. Essas células multinucleadas diferenciam-se pela disposição de seus núcleos no citoplasma. Enquanto células de Langhans apresentam núcleos dispostos perifericamente, as de corpo estranho têm seus núcleos desorganizados. O agregado de macrófagos é rodeado por um anel de leucócitos mononucleados – linfócitos em sua maioria. Nos casos de granulomas mais velhos, evidencia-se a formação de uma camada fibrosa mais externa, composta por fibroblastos e tecido conjuntivo.
Tomando como base a patogênese, existem dois tipos de granulomas. O granuloma de corpo estranho ocorre na presença de corpos estranhos relativamente inertes de difícil fagocitose, como fios de sutura. As células epitelioides e as de corpo estranho se acumulam ao redor do material estranho. O granuloma imune ocorre em alguns casos específicos, geralmente infecciosos. Geralmente o agente indutor do granuloma é dificilmente eliminável, ativando uma resposta imunológica mediada por linfócitos T CD4, principalmente TH1. Essa resposta imunológica recebe o nome de Hipersensibilidade do Tipo Tardia, ou inflamação imune.
Células apresentadoras de antígeno (APCs) fagocitam o agente agressor e apresentam peptídeos para linfócitos T CD4 naive (não diferenciados), que secretam IL-2 (interleucina 2), um fator de crescimento autócrino, causando proliferação de linfócitos T CD4. As APCs (macrófagos e células dendríticas) produzem quimiocinas responsáveis pela diferenciação dos linfócitos T CD4 naive em linfócitos TH1 e TH17. Os linfócitos TH1 produzem IFN-γ (interferon gama), funcionando também como um fator de crescimento autócrino. O IFN- γ também age nos macrófagos aumentando sua capacidade de fagocitose e de matar microorganismos. Os macrófagos ativados produzem diversas citocinas pró-inflamatórias, como TNF (fator de necrose tumoral) e IL-1, e IL-12, responsável pela ativação de linfócitos TH1. Os linfócitos TH17 são ativados em algumas infecções microbianas e em doenças autoimunes. Quando ativados, esses linfócitos produzem uma série de citocinas, como IL-17 e IL-22, recrutadoras de neutrófilos e monócitos. Concluindo-se, a reação de Hipersensibilidade Tardia caracteriza-se pelo acúmulo de leucócitos mononucleares (linfócitos CD4 e plasmócitos) e de macrófagos.
Doenças granulomatosas são caracterizadas pela formação de granulomas. São exemplos de granulomatoses: • Tuberculose • Sarcoidose • Blastomicose • Brucelose • Sífilis • Lepra
Fonte: Patologia: Bases Patológicas das Doenças; Robbins & Cotran - 8ª edição