Anemia

De WikiPETia Medica

Texto de Lucas Araujo

ANEMIA


Anemia, do ponto de vista laboratorial, pode ser conceituada como um hematócrito menor que 41%, ou seja, níveis de hemoglobina menores que 13,5g/dl para homens adultos e hematócrito menor que 37%, ou seja, níveis de hemoglobina menores que 12g/dl para mulheres adultas. Antes de continuar a discussão, é muito importante termos a consciência de que a anemia deve ser entendida como uma manifestação de uma doença subjacente e não como uma patologia em si e que é difícil em alguns casos determinar quantificar ou mesmo detectar a anemia.

Tabela de conteúdo

SINAIS E SINTOMAS

O quadro clínico da anemia é extremamente variável. O paciente pode ser totalmente assintomático ou se queixar de palidez, anorexia, náuseas, irritabilidade, cefaléia, tonturas, lipotímias, escotomas, insônia, taquicardia, angina, palpitações, sopro cardíaco, ICC, fadigabilidade, dispnéia de esforço. Esses sinais e sintomas são provocados pela hipoxemia tecidual e pela baixa viscosidade sanguínea. Em casos mais graves, como nos sangramentos excessivos, podem ocorrer sinais de choque hipovolêmico com conseqüente risco para a vida do indivíduo.

EXAME CLÍNICO

Os achados do exame clínico nos pacientes que apresentam anemia vão depender do tempo de instalação do processo. No caso de uma instalação lenta, os mecanismos compensatórios do nosso organismo garantem uma adequada homeostasia, com o paciente apresentando poucos ou nenhum sintoma. Outros fatores que alteram esses achados são a intensidade da anemia e a idade do paciente acometido. Podemos encontrar, ao exame físico, as seguintes manifestações:

- Tegumentares:

Palidez cutânea e das mucosas (sinais mais evidentes de anemia, percebidos principalmente nos lábios, leito ungueal e conjuntiva), perda de brilho e afinamento dos cabelos, perda de elasticidade e tônus da pele, unhas brilhantes e quebradiças (Principalmente na anemia ferropriva), úlceras nos membros inferiores (Principalmente na anemia falciforme), hematomas, equimoses e petéquias (predominantemente nos casos com envolvimento medular).

- Cardiovasculares:

O principal sinal dessa categoria é o sopro sistólico, de intensidade moderada e mais bem auscultado no foco pulmonar. Presença de terceira e quarta bulhas também podem ocorrer. Nas anemias mais graves, pode ocorrer fibrilação atrial. Podemos encontrar alterações no ECG (depressão de ST, dentre outras).

- Neurológicas:

Cefaléias, vertigens, sonolência, síncopes, etc.

- Gastrointestinais e orais:

Na anemia perniciosa podem ocorrer glossite e atrofia das papilas linguais.

- Geniturinários:

Proteinúria e hematúria microscópica.

EXAMES LABORATORIAIS

Dentre os exames mais importantes que podem ser pedidos no caso de anemia estão: hemograma, reticulócitos, perfil de ferro, análise de medula óssea, eletroforese de hemoglobina e radiografia de tórax.

TIPOS DE ANEMIA

As anemias podem ser divididas em:

Anemia microcítica

É causada pela deficiência de ferro (mais comum), talassemia e por doenças crônicas. A anemia ferropriva pode ser causada por dieta deficiente, gestação, lactação, perdas gastrointestinais, etc. caracteristicamente é uma anemia microcítica e hipocrômica. Os pacientes apresentam um perfil de ferro com ferritina e ferro séricos baixos e capacidade de ligação total do ferro elevada. Podemos ter anisoscitose e poiquilocitose com a progressão da anemia. Na talassemia, ocorre uma desproporção entre o grau de microcitose e a intensidade da anemia. Na anemia da doença crônica, o ferro sérico está diminuído, porém a capacidade de ligação do ferro e a ferritina estão normais ou elevadas.

Anemia macrocítica

Deficiência de vitamina B12 e ácido fólico (anemia megaloblástica), mielodisplasia, doenças hepáticas, quimioteriapia, dentre outras causas. Na anemia megaloblástica, temos um VCM elevado, presença de poiquilocitose, anisoscitose e macrovalócitos, contagem de reticulócitos diminuída e neutrófilos com segmentação acima de 4 lobos.

Anemia normocítica

Neoplasias, infiltração medular, cirrose, insuficiência adrenal, ICC, infecções pulmonares, dentre outras.


FONTE: Harrison - Medicina Interna, 17 edição

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